Petrallás pede voto de confiança e promete gestão compartilhada na FFMS
Estevão Petrallás falou pela primeira vez após ser nomeado presidente interino da FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul)
Alvo de represálias após ser nomeado presidente interino da FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul), Estevão Petrallás pediu um voto de confiança e se comprometeu em fazer uma gestão compartilhada, durante coletiva de imprensa, na tarde desta terça-feira (28) em Campo Grande.

“Eu preciso de uma chance de credibilidade, que vocês nos deem pelo menos uns três, quatro dias, eu não preciso mais do que isso. Ninguém veio aqui para remoer o passado, a gente precisa organizar e caminhar para a frente, quero fazer uma gestão compartilhadíssima com os dirigentes porque eu sei o que eles passam. Então, que a partir de hoje os senhores me vejam como uma possibilidade”.
Estevão Petrallás, presidente interino da FFMS.
Aos prantos, Estevão revelou que recebeu com estranhamento abaixo-assinado assinado por nove clubes de futebol do estado contra a nomeação dele.
“Eu jamais pensei que eu seria indesejado por um grupo que eu sempre ajudei. Mas estranhamente as pessoas mudam de comportamento do dia pra noite como se a federação fosse o grande momento delas transformarem a sua vida de ordem pessoal e isso eu não tenho comigo. Me aparenta que essas pessoas são coniventes com aqueles que estão dentro de uma cela. A mim dá a impressão que o problema não é só dessas pessoas que estão detidas. Tem mais algumas pessoas que se beneficiaram muito desse esquema e isso vai aparecer. Eu não quero mexer com isso. Eu quero fazer o futebol andar, avançar”.
Estevão Petrallás, presidente interino da FFMS.
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Durante a coletiva de imprensa o assessor jurídico do novo presidente da federação, Rafael Meireles, argumentou que nomeação de Estevão Petrallás ocorreu dentro da legalidade.
“A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) escolheu entre os currículos que ela dispunha o nome do Estevão o que rechaça qualquer suposta falta de legitimidade. Da parte jurídica, o que nos compete falar é que todos os passos foram seguidos rigorosamente, conforme as legislações desportivas. E coube ao Estevão apenas responder uma intimação. Ele não buscou, ele foi chamado, a nossa Procuradoria de Justiça Desportiva agiu de forma ágil, rápida, porque o que estávamos observando era uma situação de total desespero, de abandono”.
Rafael Meireles, assessor jurídico.
Rafael também criticou posicionamento do procurador-geral do TJD-MS, Adilson Viegas de Freitas Junior, contra a nomeação do ex-presidente do Operário para o cargo. Um dos motivos, segundo o procurador, é que Petrallás não assinou a posse da chapa, conforme consta na ata de posse da diretoria que venceu a eleição da federação em 2023. Ou seja, teoricamente, ele não tomou posse como vice-presidente.
“Esse argumento não tem nenhum relevância e nem fundamento jurídico. A ata em que estão falando é um documento em que todos os vice-presidentes tomaram posse, nesse documento existe um adendo, justificando a impossibilidade do Estevão de estar presente na reunião para assinatura. Juntamente com outro vice-presidente que também não estava presente. E com essa justificativa, com esse adendo, o documento foi homologado pelo presidente, foi conferido em posse a todos os vice-presidentes, foi registrado em cartório e o interventor hoje é legítimo para assumir suas funções completamente”.
Rafael Meireles, assessor jurídico.
Operação Cartão Vermelho
Estevão Petrallás foi nomeado para o cargo após a prisão do atual presidente da federação, Francisco Cezário, por envolvimento em um esquema de corrupção no esporte sul-mato-grossense, investigado na operação Cartão Vermelho.
O afastamento de Cezário é por 90 dias podendo ser prorrogados conforme o andamento das investigações da operação cartão vermelho.
A nomeação de Estevão Petrallás para o posto foi assinada pelo presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, e atende a pedido do procurador desportivo Wilson dos Anjos que alegou que a falta do presidente impediria a tomada de decisões, prejudicando a federação e o futebol como um todo no estado.
Depoimentos
Os investigados na Operação Cartão Vermelho estão presos desde a última terça-feira (21) e só hoje (28) foram convocados a depor pelos promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), o grupo do Ministério Público de Mato Grosso do Sul que investiga o crime organizado.
Francisco Cezário, entretanto, não compareceu. O advogado dele, André Borges, explicou a ausência.
“Ele vai usar o direito de ficar em silêncio, pelo menos nessa fase da investigação. E assim que for apresentada a denúncia, ele vai se defender, apresentar as alegações dele, documentações para combater a acusação. Ele nega ter cometido qualquer crime e diz ter plenas condições de apresentar as provas disso”.
André Borges, advogado de Francisco Cezário de Oliveira.
Dos presos na investigação, cinco são parentes de Cezário. Todos tentam revogar as prisões na Justiça.