Alfredo da Mota Menezes

Alfredo da Mota Menezes

Obras da Copa, choro inútil

Todos acreditaram, era momento de euforia com futuros jogos da Copa na capital. Tudo mentira. Fomos engambelados

Casas na Ilha da Banana, em Cuiabá, ali no Largo do Rosário, estão em situação de abandono. Na época da Copa do Mundo de 2014 se falava que passaria por ali uma linha do VLT, indo pela Coronel Escolástico em direção à Avenida Fernando Correa, além do trajeto do aeroporto pela FEB até a Avenida do CPA.

Todos acreditaram, era momento de euforia com futuros jogos da Copa na capital. Tudo mentira. Fomos engambelados. O engodo não ficou somente por ali. Uma pequena viagem naquela enganação.

O governo comprou os vagões do VLT por algo como R$ 500 milhões. Comprou antes das obras e já sabia que não ficariam prontas. Em qualquer lugar que se conversa sobre isso existe uma concordância de que aquela compra fora feita para alguns levaram um percentual.

Dos 22 km de trilhos previstos no projeto do VLT, 6 já estavam prontos, mas a obra nunca foi concluída. (Foto: Prefeitura de Cuiabá).
Dos 22 km de trilhos previstos no projeto do VLT, 6 já estavam prontos, mas a obra nunca foi concluída. (Foto: Prefeitura de Cuiabá).

Os personagens que armaram aquela ampla enganação falavam linguagem única quando expunham alguma coisa para a sociedade. Parece que até treinavam. Até os órgãos de controle aceitaram aquele engodo geral.

Houve uma CPI na Assembleia Legislativa do estado sobre as obras da Copa. O que se mostrou ali é digno de livros de recordes de como enganar tanta gente.

A CPI mostrou às escancaras que diretores de empresas contratadas para realizarem obras e as pessoas mais íntimas do governo sabiam que não sairia o VLT. Um dado mostrava isso: desapropriações não foram feitas. Sem isso, como é que se poderia ter um trajeto seguro e definido para aquele meio de transporte? Na época ninguém atinou para detalhe importante como esse.

Várias obras não foram terminadas, como o COT do Pari, lugar para treinamentos de equipes de futebol que viessem jogar aqui. O outro centro de treinamento foi para a UFMT. O governo também não terminou a obra e mais tarde a própria universidade a termina. E tinha gente querendo que esse centro de treinamento fosse para outro lugar da cidade. Se fosse, repetiria o Pari e nunca terminaria.

A obra que foi concluída pelos espertalhões de plantão foi a Arena Pantanal. Também seria o máximo da esculhambação se não tivesse nem o estádio para os jogos da Copa de acordo com normas da Fifa.

A atuação de órgãos de controle externo e interno foi totalmente nula. Eles é que deveriam falar ou atuar em nome da sociedade. Sejam órgãos do estado ou federal porque tinha dinheiro desses dois setores públicos. Deveriam pelo menos cobrar resultados do grupo Planservi, contratado para seguir as obras da Copa.

Essa tal de Planservi recebeu 47 milhões de reais para seguir as obras da Copa. Alguém sabe alguma coisa que esse grupo fez ou falou sobre os descalabros nas obras? Cadê esse pessoal? Embolsaram uma fortuna e não tomaram conta de nada.

Pode-se ficar aqui nessa choraminga sem fim. Na forma idiota como estou fazendo de que os caras não terminaram as obras, embolsaram propinas e ficou tudo por isso mesmo.

Este conteúdo reflete, apenas, a opinião do colunista Alfredo da Mota Menezes , e não configura o pensamento editorial do Primeira Página.