Capivara Criminal

Fim do silêncio? Após 4 anos “sumido”, alvo da Omertà é intimado pela justiça

Estou falando de Flávio Correia Jamil Georges, o Flavinho, filho mais novo de Fahd Jamil, o homem que por décadas foi chamado de “Rei da Fronteira”

Cinco anos e quatro meses depois do dia em que Campo Grande amanheceu com a notícia de uma ação policial contra uma das famílias mais conhecidas do estado, a justiça ainda analisa fatos e crimes revelados pela Operação Omertà.

Na semana que começa neste domingo (9), na tarde do dia 12 de fevereiro, para ser mais exata, um dos personagens que ganharam os noticiários desde aquele 27 de setembro de 2019, deve prestar seu primeiro depoimento sobre as acusações contra ele!

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Flávio Correia se tornou alvo da Omertà em 2020 (Foto: Imagem retirada do processo)

Estou falando de Flávio Correia Jamil Georges, o Flavinho, de 39 anos, filho mais novo de Fahd Jamil, o homem que por décadas foi chamado de “Rei da Fronteira”.

A história de Flavinho dentro da operação Omertà é marcada por longas passagens de tempo. Isso porque ele ficou foragido da polícia por mais de quatro anos e conseguiu a liberdade, ou parte dela, mesmo sem nunca ter sido preso.

Para você entender melhor todo o desenrolar desse caso, vou voltar no tempo.

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No centro do esquema de corrupção policial, tráfico de armas e execuções cinematográficas revelados pela força-tarefa da Omertà em 2019 estavam Jamil Name e Jamil Name Filho – como muito já foi dito aqui na Capivara Criminal.

Mas conforme Polícia Civil e Ministério Público avançavam nas apreensões e investigações, outra família bem conhecida no estado foi envolvida nos crimes. Estoura, então, a terceira fase da operação, chamada de Armagedon.

Em junho de 2020, Flavinho e o pai, o velho Fuad, se tornam alvos da Omertà. Isso porque, segundo o Ministério Público, comandavam uma organização criminosa com base em Ponta Porã e davam apoio ao grupo liderado pelos Name na capital de Mato Grosso do Sul.

Conforme a denúncia feita pelos promotores do Ministério Público na época, pai e filho são autores de diversos “crimes transfronteiriços”, o principal deles é o tráfico de armas.

Mensagens interceptadas pela polícia ao decorrer das investigações mostravam a troca de armamentos pesados, além de negociações de fuzis e munições, entre os “capangas” das duas organizações criminosas, em geral, policiais corruptos que recebiam propina para atuarem ao lado das duas famílias.

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Armas supostamente negociadas pelos capangas das duas família (Foto: Retirada do processo)

Mas nada do que era dito entre eles, nenhuma compra de arma, era realizada sem a autorização de Flávinho, reputado como maior contrabandista no sul de Mato Grosso do Sul – isso de acordo com a denúncia.

Foi por isso que, no dia 15 de junho, Flávinho teve a prisão preventiva decretada. No dia 19 do mesmo mês, os policiais foram às ruas para cumprir os mandados, mas o filho de Fuad não foi encontrado.

A suspeita era de que ele estava “escondido” no Paraguai; suspeita que acabou confirmada quando a polícia descobriu a compra de duas passagens, em nome de Flavinho e da esposa, para Nova Iorque, nos Estados Unidos, saindo de Assunção, meses antes de sua prisão ser decretada.

A viagem, no entanto, não aconteceu. Isso porque o mundo começava a sofrer as consequências devastadoras da pandemia de Coronavírus. Enquanto a força-tarefa tentava encontrar Flávinho, ele recorria à justiça para receber uma indenização pelo voo perdido; e conseguiu.

No fim do ano passado, recebeu R$ 22.197,90 por danos materiais. Pagou pouco mais de R$ 2 mil ao advogado que lidou com o processo e embolsou o resto.

Mas voltando aos anos foragidos. Flávinho não apareceu para a justiça, muito menos para a polícia, por longos quatro anos, mas nos processos em seu nome, três deles originados da Omertà, era representado por advogados.

Foi por isso que, no fim do ano passado, depois de mais uma tentativa da defesa em derrubar o pedido de prisão decretado lá em junho de 2020, sob a alegação de que não havia provas concretas contra o cliente, o juiz Roberto Ferreira Filho determinou o fim da busca.

Para Flávinho não ser mandado para a prisão, precisou colocar tornozeleira eletrônica, pagar uma fiança de 400 salários-mínimos – um valor de R$ 564,8 mil – e ficar em casa das 20 horas até as 6 horas durante a semana e não sair sem autorização nos fins de semana e feriados.

A decisão foi dada pelo magistrado no dia 23 de setembro do ano passado. Flávinho se apresentou à justiça quatro dias depois.

Desde então, ele segue assim, comparecendo em juízo a cada 15 dias e pedindo autorização para participar de qualquer evento que saia do horário determinado pela justiça. No fim de ano, ganhou o direito de ir a Ponta Porã passar as festas de fim de ano com a família, mas, segundo o processo, já está de volta a Campo Grande e agora se prepara para sua audiência.

Depois de anos de silêncio, o depoimento de Flávinho sobre as acusações feitas na terceira fase da operação Omertà deve acontecer no Fórum de Campo Grade, no dia 12 de fevereiro, perto das 15 horas.

O que será que o filho caçula de Fahd Jamil tem a dizer depois de anos sumido?

**A Capivara Criminal permanece com o espaço aberto para a defesa de Flávio Correia**

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