Motorista de Porsche que atropelou e matou motoentregador vira réu
Arthur Torres Rodrigues Navarro responderá pelo crime de homicídio culposo, quando não há intenção de matar
Um ano depois de atropelar e matar o motoentregador Hudson Oliveira Ferreira, de 39 anos, em Campo Grande, Arthur Torres Rodrigues Navarros vira réu por homicídio culposo. O caso aconteceu no dia 22 de março, na Rua Antônio Maria Coelho.

A denúncia do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) aponta que Arthur fugiu do local sem prestar socorro à vítima e só foi identificado pela polícia 14 dias depois. Além disso, o carro que o motorista conduzia, uma Porsche Cayenne avaliada em R$ 1,2 milhão, ficou escondido na casa do irmão, até ser levado para o conserto.
“Verifica-se, portanto, que a conduta do denunciado, consistente em praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor por inobservância de dever objetivo de cuidado, especialmente consubstanciado pelo excesso de velocidade, afasta o interesse ministerial na solução penal pactuada prevista no artigo 28-A, do Código de Processo Penal, eis que, repisa-se, o instituto se revela insuficiente para a reprovação e prevenção do delito, especialmente por conta da gravidade do injusto e culpabilidade”
Procurador-Geral de Justiça, Romão Ávila Milhan Júnior.
O caso foi aceito pela 3ª Vara Criminal. A data do julgamento ainda não foi divulgada pela Justiça.
Demora na investigação
O acidente que provocou a morte do motoentregador só foi investigado pela Polícia Civil depois de 10 dias. O veículo atingiu a motocicleta pilotada por Hudson durante o trabalho, no dia 22 de março, à noite, mas a procura pelo responsável começou apenas no dia 2 de abril.
Em dois dias, apareceu o motorista e o carro de luxo, apreendido no dia5 de abril. Segundo a delegada Priscila Anuda, da 3ª Delegacia de Polícia Civil, foram vários os fatores que explicam a demora, motivo de critica negativa da família da vítima.

Segundo a delegada, o acidente aconteceu no dia 22 de março de 2024 e foi inicialmente registrado lesão corporal culposa no trânsito.
“Em razão de ter sido registrado inicialmente por lesão corporal culposa, houve um delay de tempo para o encaminhamento para a delegacia, porque o B.O. no dia 22 veio encaminhado, e a complementação do dia 24, que foi no domingo, também veio encaminhado, mas chegou um pouco após”, declarou.
“Mas, assim que chegou, nós instauramos pela lei que nós devemos seguir o regulamento das atividades cartorárias da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul. A partir do momento do registro do boletim de ocorrência, a delegacia tem cinco dias para instaurar inquérito policial. Então, o homicídio culposo no trânsito registrado no dia 24 de março, contando os dias úteis, nós instauramos. Instauramos dentro do prazo de cinco dias”.
Priscila Anuda, delegada da 3ª DP
O acidente
Na noite de 22 de março de 2024, o Porsche, que trafegava a uma velocidade e 89 km/h, segundo a perícia, colidiu lateralmente com a moto de Hudson Oliveira Ferreira.
Imagens de câmeras de segurança registraram o momento do acidente. Desde então, a família da vítima pressionava por respostas e pela responsabilização do motorista.
Arthur Torres Rodrigues Navarro, empresário de 33 anos, se apresentou à Polícia Civil e prestou depoimento. Ele alegou não ter percebido que havia atingido uma motocicleta e que, por isso, não prestou socorro. Navarro responderá ao processo em liberdade.