A Lei dos Mortos: Ao Vivo
Esse capítulo, o 4, é parte integrante do livro A Lei dos Mortos, que publiquei na sexta-feira 13 de maio de 2022, pela Life Editora
Ronaldo Fera, ao vivo, faz o programa comemorativo de cinco anos de “É hora de perder o sono!”. Esse capítulo, o 4, é parte integrante do livro A Lei dos Mortos, que publiquei na sexta-feira 13 de maio de 2022, pela Life Editora. Depois que dois jovens são brutalmente assassinados, precisam se adaptar à passagem para outra vida. No Limbo, Fernando descobre uma liga de espíritos inconformados com o perdão divino. Também vítimas de violência, eles buscam punir os agressores. Hoje terminamos a apresentação da casa mal-assombrada, ponto de partida para essa vingança sobrenatural.

Capítulo 4 – Ao vivo
Pontualmente às quinze para as dez da noite, Ronaldo esperava rodar a abertura do programa para entrar, ao vivo, na casa de milhares de telespectadores. Era feita de uma coletânea de imagens assustadoras, tiradas de filmes antigos, seriados, algumas produzidas por uma equipe de maquiadores, além de pessoas e animais deformados por doenças. As cenas eram intercaladas por rostos de figurantes com medo.
A música, por si só, era de arrepiar. Tinha o mesmo efeito da trilha sonora famosa de Psicose, de Alfred Hitchcock. Uma fachada muito semelhante com a do Bates Motel até aparecia – de relance — para não correr o risco de ser confundida com a original e a emissora ter de pagar direitos autorais.
No ápice dessa abertura, uma câmera nervosa percorria um corredor mal iluminado, como se fosse um monstro em busca de uma presa indefesa.
A imagem parava nas costas de um homem grande, de terno. Ele se virava e o público via um Ronaldo triunfante soltar o bordão:
— Nenhum fantasma se atreve a enfrentar o Fera!
Um grito agudo se seguia à frase e a câmera recuava, em alta velocidade.
Era como se o apresentador tivesse espantado a ameaça.
A tela ficava preta e letras brancas derretidas escreviam o nome do programa.
“É hora de perder o sono! com Ronaldo Fera”
— Boa noite, mundo natural e mundo sobrenatural. – ele virou-se para outra câmera e piscou um olho – Eu sei que vocês, espectros, também me assistem.
Voltou para a tomada principal e agora a voz era grave e o tom do rosto, sério.
Ronaldo estava na frente da “casa maldita”.
— Você que me acompanha há cinco anos não pode imaginar o terror que está atrás de mim. A casa mais mal-assombrada da face da Terra. Um lugar tenebroso. A morada do mal. Há dois anos ninguém consegue viver aqui. Ninguém quer morar aqui. As histórias são arrepiantes. Eu mesmo já presenciei pelo menos três fenômenos inexplicáveis enquanto me preparava para o programa. E olha que você me conhece. Sabe que não sou de me assustar com nada. – o zoom da câmera fechou em seu rosto. — Mas eu tive medo. Eu estou com medo. E é bom você de casa também ter medo. Porque é hora de perder o sono! E ter um pesadelo de olhos bem abertos. – a câmera abriu para mostrar a casa de fundo, nas costas do apresentador. — Nós vamos entrar agora na casa que não consegue ser alugada ou vendida. A casa do terror. A casa maldita! Venha comigo. – e parou – Mas não agora, depois do intervalo. – enquadramento fechado de novo, o comercial não entrou. — O que? Olhar pra cima? Desculpem, mas o diretor está falando aqui no ponto eletrônico comigo. Quer que eu olhe na janela. O que tem lá? – e vira-se, acompanhado pelo cinegrafista. – Olha! O que é aquilo? Parece um homem na janela! Mas a casa está vazia! Produção! A casa não está vazia? Está? Então… – zoom nele mais uma vez. Abaixa a cabeça e a sacode num sinal de negativo. –… meu Pai.
É a deixa para o diretor acionar, via ponto eletrônico, o figurante que faz o papel de vulto na janela do sótão. Ele teria que recuar.
Ronaldo, então, respira fundo. Levanta a cabeça e vê que a aparição não está mais lá. A câmera mostra a janela vazia.
– Eu disse que você nunca viu algo igual. – continua o apresentador — O programa de cinco anos vai ser o mais assustador de toda nossa história, de toda a história da televisão brasileira. Mas nós vamos seguir em frente. Nada vai me parar! O diretor está me dizendo que teremos uma entrevistada, uma mulher que já viu este espectro antes. Vamos conversar com ela. É exclusivo. Só a gente tem! Daqui a pouco a história deste fantasma e de tudo o mais que assombra esta casa. Vamos para o intervalo agora. E prepare o calmante. Faça o suco de maracujá. O chá de camomila. Arrume alguém para segurar na mão. Porque a coisa vai ser feia. Até já. – e olha para a janela, enquanto a câmera fecha o zoom onde poucos segundos antes estivera um “fantasma”.
Uma versão mais curta da vinheta de abertura chama os comerciais, enquanto Ronaldo se preocupa com os índices de audiência.
— E aí, já temos uma medição?
— Dezenove contra dez. O futebol ainda está ganhando. – O concorrente levava vantagem. Ronaldo teria que tirar tudo de Dorotéia. Sabia que o marco de cinco anos teria de ultrapassar o outro canal. Isto significaria longevidade para o programa e uma grande compensação na renovação do contrato que venceria dali a seis meses.
— Voltando em cinco… quatro… três… dois… um! – o diretor anunciava o fim do intervalo.
A câmera voltou numa imagem do chão. Um gato preto passava pelos pés do Fera.
— Sai pra lá, gato preto. – e deu um empurrão de leve, com os pés, no animal — Vai agourar a concorrência. Eles sabem que estamos chegando no encalço deles. E depois que a gente ouvir a dona Dorotéia aqui, não vai ter um televisor sequer ligado no futebol. Tá certo que a transmissão deles lá dá medo. – ele riu – Porque dá mesmo. Ô coisa sem criatividade! Sempre a mesma pegada morna. Agora, aqui, não, aqui a gente sente emoção, aqui você se arrepia de verdade. Prepare-se que chegou a hora! – a convidada estava a seu lado em frente à casa. — Dona Dorotéia, boa noite, querida. A senhora é vizinha desta casa. Já entrou aqui antes?
— Boa noite, Ronaldo. Deus me livre! Nunca entrei não. – mentiu a mulher, conforme combinado. Estivera no interior do imóvel com Ronaldo até minutos antes.
— Mas hoje vai entrar. Vamos comigo. Segura no meu braço e vem.
E deram passos distintos para dentro do imóvel. Ele, decidido. Ela, ressabiada. Ainda remoía o sussurro no banheiro.
— A casa está toda mobiliada porque, segundo dizem, os últimos moradores saíram correndo no meio da noite e não levaram nada, de tão assustados que estavam. E eles têm razão, viu, entrar aqui dá uma sensação ruim. Parece que estamos sendo… – ele olha em volta – …observados o tempo todo.
Um som de música bem alta toma conta da sala e faz a entrevistada pular para trás.
A câmera move-se rapidamente para o aparelho de som, com as luzes de led dançando no ritmo de uma música cheia de gritos.
— O aparelho de som! Olha! Ele ligou sozinho! – anunciou Ronaldo para, em seguida, segurar o fio de energia para a câmera dar um close.
O plugue não estava na tomada.
Como, então, o equipamento foi ligado?
Trabalho da produção.
O aparelho estava num rack de madeira. Era cenográfico. A peça foi furada em dois pontos: na base e no tampo de cima. Com isso, o verdadeiro fio passava por dentro do móvel, camuflado. Embaixo do rack havia a tomada, instalada no chão da casa, para, originalmente, esconder fios de computador. Uma engenhosidade do arquiteto projetista da casa, muito bem aproveitada pela equipe técnica da televisão responsável pelos efeitos especiais. Aí foi só acoplar um fundo falso de plástico preto na parte de trás do aparelho de som com um fio também falso para ser mostrado ao telespectador.
Para completar mais este truque, um assistente, escondido atrás do sofá, ligava o aparelho via controle remoto. Ninguém percebia. E um “fantasma” levava a culpa.
Dorotéia não sabia da artimanha e, realmente, esbugalhou os olhos assustadores.
Ronaldo foi até o aparelho e cautelosamente apertou o botão de “off”.
— Pronto. Assim é melhor. Esta assombração tem péssimo gosto. Banda Calypso?! Agora entendi porque a família saiu correndo. – As tiradas engraçadinhas faziam parte do programa. Humor para quebrar o terror. E para deixar claro que, independentemente da ameaça, ele nada temia. – Brincadeira Joelma, Chimbinha. Amo vocês. O Brasil ama vocês – consertou.
Virou-se para a entrevistada.
— Dona Dorotéia. A senhora já tinha ouvido este som antes?
Ela relata que durante várias noites ouvia música alta vindo da casa, mesmo sabendo que não havia gente dentro.
— Muitas vezes… — disse a mulher — … as luzes da sala também piscam do nada.
— Quer dizer que os fantasmas fazem um baile aqui? Hahahaha – Ronaldo gargalhava mais uma de suas tiradas. — Deixa que eu vou acabar com esta farra rapidinho.
Os dois continuaram o passeio pelo imóvel. O gordo passou por um lavabo. Abriu a porta e fechou-a imediatamente.
— Credo! O cheiro da morte! – disse com expressão de nojo no rosto — A água do vaso sanitário está podre. Vejam só. – quando abre novamente a porta, o cinegrafista se esforça para entrar no lugar apertado. – A água é um condutor de energias. Ela absorve tudo. E quando está assim, desta cor, é sinal de que há espíritos bem ruins por perto. Teremos de ter cuidado com algumas surpresas. – ele não disse que era corante. E como televisão não transmite cheiro…
O embuste foi seguindo pelos outros cômodos da casa. Dorotéia ajudava a dar mais realismo à situação, sempre narrando um acontecimento referente a um suposto fenômeno.
Dois intervalos depois e muitos pontos de audiência recuperados, Ronaldo já liderava a noite. O zero a zero no futebol afugentava o público. E na troca de canais, a figura do Fera levando sustos e da mulher com cara de assombração que ele entrevistava pareciam ímãs. Uma vez sintonizado no programa, ninguém mais saía. A produção tinha se superado.
Na cozinha, enquanto eles estavam encostados na pia conversando sobre um suposto morador canibal que habitou a casa anos atrás, uma torneira abriu sozinha. E despejou, com barulho, um jorro de água fortíssimo na cuba de alumínio.
Muitas manifestações diferentes de sustos seriam relatadas no dia seguinte nas rodas de amigos. Reações provocadas por um truque eficiente de execução muito simples. A torneira, na verdade, sempre estivera aberta, mas a água não saía porque o registro, localizado do lado de fora, estava fechado. Bastou um funcionário da emissora abri-lo para o medo jorrar.
Mais um comercial foi solicitado. Extra. Anúncio milionário fechado de última hora. Já estavam nos dezesseis pontos, um recorde para o programa. Todos comemoravam quando as câmeras não estavam ligadas. Fera estava insuperável, excitado. Pronto para enfrentar um fantasma de verdade se ele aparecesse. Claro que é mais fácil ter este preparo quando sabe que, realmente, nada vai aparecer.
— Voltamos, meus queridos, para o nosso bloco final. A vibração é cada vez pior na casa. Os espíritos estão nitidamente incomodados com nossa presença. E vão ficar ainda mais. Porque, agora, vamos subir ao lugar preferido deles. No sótão! Foi ali que, no começo do programa, vimos um vulto na janela. Vocês lembram? Diretor, recupera a imagem pra nós. – e uma coletânea de imagens tomou os televisores pelo país mostrando a sombra assustadora — Ele nos observava já tramando uma série de maldades pra nos assustar. Pra nos afugentar. Dançou, desencarnado! – a câmera volta fechada no rosto branco e gordo do apresentador — Nenhum fantasma se atreve a enfrentar o Fera! – uma música alta, fruto da sonoplastia da equipe de produção, fez as pessoas vibrarem nas poltronas Brasil afora.
Dorotéia bateu palminhas.
Os espectadores vibravam com o bordão, imitado centenas de vezes ao dia pelas ruas do país.
O volume do som diminuiu. Mas continuou tenso.
— Dona Dorotéia, a senhora já viu esta abominação várias vezes na janela. Lá, da sua casa, ele colocava os olhos do além na senhora. Só que a senhora nunca o viu de tão perto. – duas câmeras trabalham ao mesmo tempo. Uma fecha o close nele. A outra, na garganta da mulher que engole seco. — A senhora está decidida? Quer mesmo subir com a gente?
Ela esbugalhou os olhos como se fosse recuar. Mas fechou-os por dois segundos e abriu-os com uma decisão digna de uma trilha sonora forte e piegas.
— Quero, sim, Ronaldo.
Nas residências, palmas seguiram a coragem da mulher.
— Eu… eu quero poder dormir novamente. – ela continuou depois de um tempinho — Quando eu sei que ele fica na janela, tenho medo de fechar os olhos. E, quem sabe, se eu o encontrar, eu não possa perguntar o que ele quer e assim ele me deixa em paz…
— Que coragem! Parabéns, dona Dorotéia. – ele virou-se para a outra câmera, a que pegava o enquadramento dos dois — Uma salva de palmas pra ela!! – e aplaudiu. Com eco nos domicílios sintonizados no programa — A senhora é das minhas! Vamos, então, tentar falar com esta criatura perdida.
Ele vai na frente, sobe a escada estreita que dá acesso ao quarto suspenso. Uma câmera já o está esperando para pegá-lo de frente e evitar a constrangedora imagem do gigantesco traseiro do apresentador quase entalado na abertura.
Quando ele dá a mão para ajudar Dorotéia, as duas portas do pequeno guarda-roupa começam a abrir e a fechar com estardalhaço. Um mecanismo instalado nas dobradiças dois dias antes, também acionado por controle remoto, joga as duas lâminas de madeira para frente e para trás com uma força calculada para fazer barulho e, ao mesmo tempo, evitar que a estrutura se quebre ou se solte. A luz em volta do objeto é quase uma penumbra. Estratégia para evitar que olhos atentos e curiosos detectem as gambiarras na gravação do programa que sempre fica disponível no site da emissora no dia seguinte à exibição.
Ronaldo faz um escândalo olhando para o fenômeno que se manifestava no guarda-roupa. Xinga o espírito invasor. Manda que ele se afaste da casa. Depois, se contradiz e pede que ele se apresente. Vale tudo nessa hora.
Dorotéia grita a cada susto. E ameaça ir embora.
Outro contrarregra, embaixo da cama, mexe nos pés do móvel e faz com que ele ande alguns centímetros. O movimento chama a atenção do apresentador. Ele senta-se no lugar para conter a força do mal. O coitado do funcionário quase não tem forças para movimentar o peso da cama acrescido dos cento e trinta e cinco quilos do bonachão. Por várias vezes, usa os pés para levantar o estrado e o colchão com o gordo em cima. A câmera é conduzida pelo cinegrafista de modo a gravar a cena sempre de cima. Evitando a todo custo mostrar o vão entre o chão e a cama. E com perfeição, ela capta uma luta barulhenta. O Fera blasfemando e expulsando o coisa ruim freneticamente.
Até que tudo fica silencioso. Ele espera dez segundos. Levanta-se da cama. E abre os braços para Dorotéia. Ela troca o medo pelos braços reconfortantes. Uma música de paz ecoa.
Exatamente a cinco minutos do final do programa, Ronaldo venceu mais uma. A casa estaria livre novamente para ser habitada.
O desfecho estava no contrato de locação do imóvel para a gravação.
O proprietário só aceitou porque esperava se livrar da maldição que, ele sabia, tinha sido inventada por algum vagabundo cibernético sem coisas para fazer. Um prejuízo incontável que fazia falta no orçamento da família. O bairro era bom, o aluguel seria de pelo menos R$ 3.000,00. Mas os boatos, a lenda, a brincadeira de um irresponsável, sentenciaram a casa e o seu bolso. E ele não tinha ninguém para cobrar o prejuízo. Como processar a crendice popular?
Até que a ideia do programa e de uma espécie de exorcismo ao vivo fizeram os olhos dos donos enxergarem novamente o cifrão naquela casa. Viram, também, que a sorte já tinha mudado logo no convite. Ganharam, da emissora, o equivalente a um mês de aluguel por apenas três dias de locação.
Ali, em pé, atrás das câmeras, o casal de proprietários comemorava tanto quanto a produção. A casa estava livre de qualquer maldição. Tudo tinha sido mostrado ao vivo. E que fantasma agora pensaria em habitar a casa que o Fera salvou? Podiam pensar em pedir mais pelo aluguel. Faturar com uma exposição até que novos candidatos a inquilinos se acostumassem com o fim do terror. Quem sabe até vender o imóvel supervalorizado.
Todos eram só sorrisos.
Menos Fera.
Ele ainda não tinha terminado o programa. Precisava permanecer sério. Demonstrar cansaço por uma luta dura contra um adversário terrível.
Não a entidade sobrenatural fajuta forjada pela produção, mas o canal concorrente. Que levara um tremendo baile e que, agora, estava com medo pra sempre do apresentador gordo e carismático. Vinte pontos de audiência contra sete do futebol. Uma goleada que precisava de um final à altura.
— Queridos amigos de casa.— ele toma fôlego de forma teatral — Estou exausto. Nunca enfrentei algo tão forte assim. — passa as duas mãos pelo próprio rosto, segura um pouco e as solta com alívio. — Mas, como sempre, o bem venceu. A casa está livre. – um produtor traz um jarro de vidro com água. – Vejam, foi tirada agora da torneira. Está imóvel, não se mexe. Sem cheiro. Límpida. Prova de que tudo de ruim que existia aqui foi embora. – e despejou uma quantidade num copo também transparente. – Saúde, meus amigos. E obrigado pelos cinco anos de companhia no “É hora de perder o sono!” – e bebeu a água com satisfação.
De olhos fechados enquanto sorvia o deleite pela noite, ele imaginava as pessoas em seus lares, nos bares, nos motéis, em qualquer lugar do Brasil, imitando seu gesto. Brindando a seu sucesso.
— Boa, Ronaldo! Sensacional! Parabéns! – o diretor gritava no ponto com euforia – Podemos encerrar agora. Você tem dois minutos.
O apresentador tirou o copo da boca estalando os lábios. E caminhou até a janela. Precisou abaixar para não bater a cabeça na viga. Uma câmera o esperava pelo lado de fora. Ia mostrá-lo exatamente no ângulo em que ele viu o espectro no início do programa.
— Dona Dorotéia, a partir de agora, quando a senhora olhar por esta janela, não verá mais o monstro que tirou teu sono. Quero que a senhora se recorde desta imagem. – ele fez um sinal com a mão percorrendo o próprio corpo — A minha. Como se eu mandasse proteção à distância, sempre. – e se aproximou do vidro para encontrar o foco da câmera externa.
Ele abriu um sorriso.
E deixou transparecer a surpresa e a admiração de relance nos olhos.
— Esta produção se superou hoje mesmo. – pensou sem dizer uma palavra.
O vidro da janela ficou embaçado. No meio dela, uma frase apareceu. De costas para a câmera que estava no quarto, bloqueando o alcance da lente, só o apresentador viu a mensagem escrita por um dedo invisível.
Ronaldo aproximou-se mais para ler. Estava sem os óculos.
“CUIDADO”
Não teve tempo de obedecer. A janela explodiu.
E o apresentador não pôde ver o sucesso que faria nas redes sociais.
Na verdade, não poderia ver mais nada.
A visão foi cortada para sempre pelos estilhaços da vingança.
Esse foi só o começo dessa história. A Lei dos Mortos tem, ao todo 49 capítulos e 338 páginas. A obra pode ser encontrada no site da Life editora. Na semana que vem voltamos aqui na coluna com mais assuntos sobre o universo do terror. Em outubro teremos outra sexta-feira 13. Tá me parecendo uma boa para curtir MÚSICA e senti-la NOS OSSOS. Ops… spoiler. Será que vem outro livro por aí?