Agro, problemas e alternativas
O agro contribui com 38% do PIB estadual
A onda de calor e a falta de chuva podem trazer quebra de algo como 20% na produção de soja no estado em 2023-2024. É o que diz uma pesquisa feita pela Aprosoja com 600 associados em mais de 860 mil hectares, que corresponde a 7% de toda área da soja em Mato Grosso.
Mostram também que se vai colher 36 milhões de toneladas de soja ou nove milhões a menos (a anterior foi de 45 milhões de toneladas). A produtividade pode cair de 62 sacas por hectares para 49. Tem lugar no estado que o volume de chuva foi 52% menos do que no mesmo período do ano anterior.

É um baque para o produtor e também para a economia do estado. O agro contribui com 38% do PIB estadual. Com menos comercialização se terá, é óbvio, menos recurso entrando na economia estadual. Isso afeta ainda a arrecadação do setor público e, por consequência, se terá menos dinheiro para investir em estradas, educação e saúde. O Fethab terá também uma diminuição de recurso no ano que vem e impactaria a construção e reforma de rodovias estaduais.
É um momento de preocupação, mas pode ser também um momento para se analisar outros dados sobre o futuro do estado.
Um deles é que se deve preocupar em ter tecnologia para enfrentar a escassez de chuva e uma das alternativas pode ser a irrigação. Teve uma viagem do Mauro Mendes e gentes do agro a estados norte americano que tem produção agrícola e foi mostrado, como o caso do estado do Nebraska, que a alternativa naquele país foi a irrigação.
Haverá um custo adicional e novo para o produtor do estado, mas talvez, olhando mais para o futuro, esse investimento poderá ser bem menor do que a perda de tantos por cento na quebra de uma safra.
Teria que haver, por parte das entidades institucionais do agro, um trabalho junto ao governo federal para se ter recursos específicos para irrigação.
Muitos migrantes que vinham para Mato Grosso diziam que não estavam comprando só a terra, mas também chuvas e tempo seguro para se plantar. Diferente de outros estados, principalmente do sul, com queda de temperaturas, geadas e outros atrapalhos para o setor. Que aqui não havia nada disso e a chuva era segura e constante.
Agora se percebe que algo diferente está acontecendo e que isso pode trazer consequências novas para o agronegócio. Tem que se buscar alternativas para esse enfrentamento novo que parece que veio para ficar.
Outra alternativa a esse fenômeno seria apressar os passos da agroindústria no estado. Mesmo com quebra de safra, se existir uma agroindústria forte, poderia ser reposto aquilo que, em tese, se perderia com eventos climáticos.
Já até se fala que o governo pretende aumentar as escolas com ensino técnico. Daria para se ter, aquilo que é crítico no estado, que é mão de obra para uma agroindústria. Ou essa área seria suprida com imigrantes venezuelanos e de outros países? Pesquisa recente mostrou que 45% dos trabalhadores nessa área seriam estrangeiros.
Quem sabe a falta de chuva poderia trazer novas alternativas de crescimento para MT em outras áreas?