Alfredo da Mota Menezes

Alfredo da Mota Menezes

Desmatamento

Deixando o exagero da lei europeia de lado, em MT a preocupação deve ser mesmo é com o desmatamento ilegal

Desmatamentos podem trazer consequências econômicas para Mato Grosso. E o cerco está aumentando. A União Europeia, como exemplo, criou a chamada Lei do Desmatamento.

A Lei impediria a importação de produtos de áreas desmatadas desde dezembro de 2020. A lei não fala somente de desmatamento ilegal, até mesmo se o desmate for feito de acordo com a lei do país.

Alfredo da Mota Menezes
Alfredo da Mota Menezes

A União Europeia não é a maior importadora de produtos do estado, mas ela pode influenciar outros compradores, inclusive o principal deles, a China.

As empresas importadoras de lá terão que mostrar, segundo a nova legislação, certificados ou relatórios de que aquele produto importado não foi em áreas desmatadas desde aquela época. Os pequenos produtores da região vão precisar de ajuda de grandes empresas comerciais para transitar nesse meio movediço e novo do comércio internacional de grãos.

Se tem que preocupar com esse assunto mesmo: o Inpe mostrou agora que o desmatamento na Amazônia e Cerrado saltou 62% em fevereiro de 2023 se comparado com o mesmo mês do ano passado. MT foi responsável por metade da área devastada na Amazônia.

No Brasil, MT é o lugar mais visado por países da Europa. Maior produtor no campo e com terras, no bioma amazônico ou cerrado, que os europeus acreditam que serão ainda desmatadas.

Frente à nova legislação na Europa, o Brasil deveria ter uma conversa diplomática sobre esse assunto com a comunidade europeia. Não parece lógico não poder plantar em áreas novas desmatadas dentro da lei do país.

As entidades do agro no estado, Aprosoja, Ampa, Acrimat, deveriam estar mais preocupadas com esse assunto. Europa poderia influenciar outros compradores pelo mundo.

Deixando o exagero da lei europeia de lado, em MT a preocupação deve ser mesmo é com o desmatamento ilegal. É uma minoria que transita por esse caminho no estado. Esses poucos não podem prejudicar os que trabalham dentro das normas ambientais e do bom senso comercial.

Preocupado com o assunto, o governo do estado criou agora um grupo de trabalho com 200 homens, Operação Amazônia, para combater o desmatamento ilegal. Deveria também aumentar ainda mais as multas por desmates ilegais.

Seria interessante que as entidades do agro também participassem de forma efetiva desse combate ao desmatamento ilegal em beneficio dos associados que trabalham dentro da lei.

O produtor de MT tem que ter consciência de que bater de frente com a comunidade internacional sobre a questão meio ambiente não é uma atitude inteligente.

Também teria que ter um lugar, com todas as informações possíveis, até em outras línguas, com acesso em qualquer lugar do mundo, para mostrar produção com respeito ao meio ambiente, a alta produtividade e os mais de 60% do território preservado.

A produtividade é alta, o estado produz tantas sacas de soja ou milho por hectare quanto os EUA. Lá fora não sabem disso, aliás, nem o Brasil do litoral sabe dessa realidade do atual MT.

É possível um estado, sem logística de transporte, competir com gigantes da produção, nacional ou externa, se não tivesse uma alta produtividade?

Este conteúdo reflete, apenas, a opinião do colunista Alfredo da Mota Menezes , e não configura o pensamento editorial do Primeira Página.