Desmatamento na Amazônia é o menor em cinco anos, mas ainda preocupa
Mato Grosso é o 3º Estado que mais desmatou, derrubando 784 km² de floresta nativa da Amazônia nos nove primeiros meses deste ano, segundo o Imazon
Entre janeiro e setembro de 2023, o desmatamento na Amazônia foi o menor dos últimos 5 anos, segundo dados do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia).
Mato Grosso, aparece como o terceiro Estado que mais desmatou o bioma neste período, ficando atrás do Pará, que lidera a lista, e do Amazonas.

Cenário nos Estados
O Pará lidera o ranking da destruição de floresta nativa, com 1.000 km² derrubados nos nove primeiros meses de 2023, totalizando 29% do bioma. No ano passado, o desmate na região amazônica foi de 3.161 km², 68% a menos do que no mesmo período deste ano.
Amazonas está em segundo lugar na pesquisa do Imazon, tendo derrubado 836 km² de floresta, totalizando 24% do total do bioma.
Em terceiro, vem Mato Grosso, região de forte expansão agropecuária – que corresponde mais de 80% do uso de áreas derrubadas na Amazônia. No período citado acima, o Estado foi responsável pela derrubada de 784 km² de floresta, totalizando 22% do total do bioma.

Comparado aos nove primeiros meses de 2022, houve uma redução de 43% no desmatamento do bioma em solo mato-grossense. Sobre isso, ouça abaixo a explicação dos repórteres Aldair Santos e Luzimar Collares à Rádio Centro América FM ?:
Desmatamento na Amazônia
A área afetada da Amazônia caiu de 9.069 km² nos nove primeiros meses de 2022, para 3.516 km² – ou seja, uma área de floresta derrubada três vezes menor em 2023 – ainda conforme a pesquisa.
Apesar dessa redução, uma área de floresta equivalente a quase 1.300 campos de futebol foram devastadas, por dia, no primeiro trimestre deste ano.
Para se ter uma ideia, em 2013, dez anos atrás, o Imazon analisou uma área de 1.008 km² derrubada na Amazônia entre os três primeiros meses do ano, equivalente a 370 campos de futebol por dia.

O desmatamento no bioma influencia no aumento das ondas de calor sobre a região Centro-Oeste, diminuindo as chances de chuva e a umidade relativa do ar. Com esse cenário, Cuiabá pode chegar aos 50°C daqui a cerca de 20 anos, como prevê o professor de física ambiental da UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso), Sérgio Roberto de Paulo.


Perda de vegetação natural
Até 2021, quase 125 milhões de hectares de vegetação da Amazônia foram destruídos, o que representa uma perda de 17% da cobertura nativa do bioma.
Do total dessa devastação, 82% ocorreu no Brasil, como explica um estudo do MapBiomas. São danos praticamente irreversíveis e preocupantes, como apontam especialistas.
Em 1985 a área desmatada da Amazônia totalizava 50 milhões de hectares. Esse número subiu para 75 milhões de hectares vegetação natural destruídos até 2021, em apenas 37 anos.
Outro fato é que 74 milhões desses hectares foram danificados por causa de atividades agropecuárias e silvicultura, como mostra a Coleção 4 de mapas anuais de cobertura e uso da terra do Projeto MapBiomas Amazônia.
Apenas essas atividades, segundo o estudo, tomaram conta de um total de 123 milhões de hectares do bioma até o ano retrasado.