A música “Boate Azul” não existiria se não fosse o Papa João XXIII

Por mais estranha que essa informação pareça, esse hino da nossa música não teria descido para o plano natural se o Papa não tivesse subido.

A história de “Boate Azul’ começa em 1963 na cidade de Apucarana, interior do paraná.

“Ah, mas e o Papa?” Aguarde e confie.

O criador da letra de “Boate Azul” é o grande compositor Benedito Seviero.
Ele era músico de uma banda que faria um show em Apucarana, numa boate chamada Blue Night.

Tudo já estava preparado para o show. A galera de Apucarana já esperava pelo evento na porta da boate, antes mesmo da abertura dos portões.

Só que um pouco antes do show começar chegou a notícia de que o Papa Joao XXIII tinha morrido.

Em 1963 a poder da igreja católica sobre a cultura e a sociedade brasileira era muito maior do que hoje. Alias, em todo ocidente. A morte de um Papa paralisava o país.

Se o Papa não tivesse morrido, a boate funcionaria e a música não existiria

Naturalmente, portanto, chegou a ordem de que a boate não estaria autorizada a abrir naquela fatídica noite de 1963.em Apucarana.

 As notícias não corriam tão rapidamente como correm hoje. A essa altura, já tinha um monte de gente bebendo em frente a Blue Night esperando que ela abrisse.

Mas não teve jeito. A polícia de fato proibiu a abertura da boate, foi até o local e mandou todo mundo embora.

Só que o povo lá na frente, já estava mais pra lá do que pra cá e a boate ficava na beira da estrada, longe da cidade.

O criador da letra de “Boate Azul”, Benedito Seviero, estava lá na frente da boate também e ficou observando toda aquela cena: A galera de fogo, sem saber pra onde ir e os policiais pedindo pra todo mundo sair.

Benedito Seviero autor de Boate Azul
Benedito Seviero autor da letra do hino

Benedito, compadecido com a situação desse pessoal, escreveu:

“Sair de que jeito, se nem sei o rumo para onde vou!
Muito vagamente me lembro que estou em uma boate aqui na zona zul”

“Boate Azul” foi feita por Benedito Seviero e Aparecido Tomás de Oliveira para a dupla Zilo e Zalo gravar, porém, teve sua comercialização proibida em 1963 já pela ditadura militar

Em 1982 foi gravada pela primeira vez, com o trio Amantes do Luar.

Depois disso, se tornou um dos grandes hinos da música brasileira e foi gravada em mais de 70 países.

Essa história foi contada pelo próprio autor da letra, Benedito Seviero, em entrevista a uma Tv local.

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Comentários (5)

  • Ademar Ovando

    Parabéns pela coluna.
    Jamais imaginei a origem desse música muito bacana.

  • Josias Lemes

    Cada fato tem um por quê. E a história dessa música é curiosa, ainda mais dela ter sido censurada.

  • Vanilza

    Com certeza não foi censura pelo fato da letra, mas sim porquê havia respeito pela igreja e pela fé dos cristãos. Infelizmente vivemos hoje a inversão de valores,onde a real ditadura está acontecendo,o respeito acabou e o brasileiro está aceitando em berço esplêndido

  • Arcilio

    Muito interessante, fato real e como tal, não cabe opinar se certo ou errado, é a realidade da música na sua origem, objeto da reportagem feita por jornalismo profissional. Parabéns.

  • Joao Carlos Nogueira

    Pena que não foi, se quer citado entre os artistas que gravaram o hino, a dupla Oaquim e Manuel, que pela segunda vez gravaram a música e causou um estrondo. O sucesso nas vozes de Joaquim e Manuel, foi estarrecedor.
    Depois deles, ficou muito fácil para os outros que também regravaram o sucesso. Pois até os papagaio já cantavam também, de tanto ouvirem o Joaquim e Manuel.