O maior sucesso brasileiro dos anos 80 foi inspirado numa frase de caminhão
Há quem diga que esse tenho sido o maior HIT da história da música brasileira, não só dos anos 80. Por mais brasileiro que seja ele foi escrito e cantado por um estrangeiro.
Essa música foi feita em 20 minutos por 2 compositores e vendeu mais de 1 milhão de cópias antes de acabar os anos 80.
Um deles tava descendo a Serra da Cantareira e começou a reparar nas frases dos para-choques dos caminhões. Leu várias delas e de repente, misturando todas, uma frase surgiu na cabeça dele.
Quando ele chegou em casa, ligou pro parceiro dele de composição e falou:
“Cara, eu tava dirigindo lendo as frases nos caminhões e veio esse tema na minha cabeça, o que você acha?“
O parceiro dele adorou a frase e disse que naquela noite havia sonhado com uma melodia. Ele o chamou na mesma hora para ir até a casa dele terminar a música.
Chegando lá os dois entraram pro quarto pra compor e dono da casa solfejou a melodia que ele tinha sonhado.
O cara que viu as frases de caminhão estava lendo um livro de psicologia chamado O Homem e seus símbolos, do Carl Jung.

Entre outras coisas, esse livro fala da manifestação da anima, que seria o lado feminino presente nos homens e fala dos arquétipos femininos. Eles pegaram um desses arquétipos de Carl Jung e criaram o personagem da música:
Uma mulher fatal, que não é nem de carne e osso, é só uma aparição que vem nos sonhos e domina a imaginação do homem.
Como era tarde da noite e eles estavam no quarto começaram assim:
“Meia noite no meu quarto, ela vai surgir”
A filha do Ritchie, o compositor dono da casa, tinha dois aninhos e ficava engatinhando no corredor. De vez em quando chegava lá e empurrava a porta do quarto.
“Ouço passos na escada, vejo a porta abrir”
E a grande polêmica: O abajur é cor de carne ou de carmin?
“O abajur, cor de carne, o lençol azul”
O Bernardo Vilhena, parceiro do Ritchie nessa música, que viu as frases de caminhão, tinha lido um livro com as memórias de uma atriz alemã chamada Marlene Dietrich.

A Marlene contou no livro que quando ela veio pro Brasil se hospedou no Copacabana Palace e se apaixonou pelo abajur do quarto, que segundo ela, em alemão, era de uma cor chamada fleischfarbe.
Traduzindo ao pé da letra ficou cor de carne, o que não faz muito sentido em português, mas eles acabaram gostando da palavra carne na música e deixaram.
O lençol azul e a cortina de seda estavam lá no quarto do Ritchie, foi só colocar no papel.
E Menina Veneno é a frase que o Bernardo Vilhena levou pro Ritchie depois de ter ficado lendo as frases de caminhão quando desceu a serra.
De onde saiu a última frase do refrão de Menina Veneno
O Bernardo era amigo da Regina Vater, uma fotógrafa e artista plástica carioca que sempre quando dormia num hotel tirava foto da cama e mandava pros amigos como um cartão postal, com a seguinte frase:
“Em toda cama que eu durmo só dá você”.
Aí o Bernardo lembrou da frase e colocou na letra.
Então temos a fórmula do sucesso:
Frases de caminhão + melodia dos sonhos + psicologia de Carl Jung + memórias de uma atriz alemã + filha engatinhando + decoração do quarto + frase de cartão postal= o maior sucesso dos anos 80.
O Ritchie quase não gravou essa música
Ele tinha outra música na fita que ele ia mostrar pra gravadora. Mas quando ele levou a fita pros caras soube que não estava no formato que deveria ser. Aí a gravadora alugou um estúdio na véspera de Ano Novo só pra eles fazerem a conversão da fita.
Chegando lá o Ritchie viu toda aquela estrutura, engenheiros de som, músicos e pensou:
“Eu acho que vou é gravar outra música, não vai ficar bom essa história de conversão não.” Aí num dia só eles arranjaram e gravaram menina veneno.
No dia 1º de janeiro de 83 ele levou a música pra gravadora e foi essa gravação que fez sucesso no Brasil inteiro. Em duas semanas ela já tinha vendido 500 mil cópias numa época em que o disco precisava passar de mão em mão para ser tocado.
A música transformou um cantor inglês cantando em português, no artista mais requisitado do Brasil.
Será que já tivemos outra “Menina Veneno” pós anos 80? Eu acho que não.
Comentários (14)
A foto está errada é Ritchie e Nico Rezende. Não é Bernardo Vilhena. Conheço os dois. Por favor verifica . Nico ajudou o Ritche a fazer sua estadia aqui n Brasil e compôs muita coisa c ele. Peço para verificar os fatos antes d postar!Forte abraço
Quem está na foto é o Nico Resende
Quem está na foto com Ritchie não é o Bernardo Vilhena e sim Nico Rezende, o produtor musical.
Quem aparece na foto é o Nico Rezende e não o Bernardo Vilhena, como está mencionado na matéria
Essa música , Menina Veneno, para mim e ainda um grande sucesso, hoje acabou o romantismo na música,