Teoria musical pra quem não sabe nada

Se sua única referência de "tom" é o Cavalcante, veio para o lugar certo.

Direto e reto. Toda música que já foi produzida no mundo, de Beethoven a Ana Castela passando por Michael Jackson, foi feita a partir da combinação de apenas 12 notas musicais.

“Ué, mas não eram 7?”

São 7 se você desconsiderar os intervalos, que são os sustenidos e bemóis. Mas eles não podem ser desconsiderados de maneira alguma e eu vou te explicar quem são eles.

Nós temos Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá e Si que são as 7 notas. E existe uma unidade de medida musical que se chama tom. A nota Dó e a nota Ré estão a 1 tom de distância uma da outra. A nota Ré e a nota Mi estão a 1 tom de distância uma da outra. Já a nota Mi e a nota Fá estão mais próximas, apenas ½ tom de distância uma da outra. Seguindo, Fá e Sol estão a 1 tom de distância, Sol e Lá também, Lá e Si também. Porém, Si e Dó estão mais próximas, ½ tom de distância apenas.

@raulruffo

Uma vez na vida só. #violao #musica by@Jordan Moyes

♬ som original – Raul Ruffo
Essa coluna é pra quem afina o violão pelas tarraxas

Sendo assim, podemos pensar que entre as notas Mi e Fá e entre as notas Si e Dó, o intervalo tonal é menor do que nas outras notas.

Bom, se do Dó pro Ré temos um 1 tom de distância, o que acontece se pararmos no meio do caminho? No ½ tom? No meio do caminho existe uma nota, existe uma nota no meio do caminho.

Nas notas que estão a 1 tom de distância uma da outra, existem intervalos no meio do caminho. Esses intervalos são chamados de semitons.

São chamados de sustenidos quando estamos caminhando para frente. Ou seja, se estamos indo de Dó para Ré (caminhando pra frente na sequência das notas), o meio do caminho, um semitom pra frente, é chamado de sustenido.

Portanto, se estamos caminhando de Dó para Ré, a nota que existe no meio do caminho se chama Dó sustenido. Se estamos indo de Ré para Mi, a nota que existe no meio do caminho (no intervalo) se chama Ré sustenido.

Agora, se vamos avançar de Mi para Fá, o caminho é mais curto como dissemos. Dessa maneira, não há espaço para intervalo. Você vai do Mi direto para o Fá, sem paradas, não existe nota no meio. Assim como acontece entre o Si e o Dó. O caminho é mais curto e por isso não existe intervalo. Não existe Si sustenido e nem Mi sustenido.

E o bemol? O bemol é o caminho de volta. Sustenido é para frente, o bemol é para trás. Dó sustenido fica ½ tom pra frente do Dó. Ré bemol fica ½ tom pra trás do Ré. Ou seja, Dó sustenido é = a Ré bemol. São só maneiras diferentes de dar nome para uma localização dentro da escala musical.

O símbolo para sustenido é: #

O símbolo para bemol é: b

Dessa maneira, chegamos as 12 notas musicais:
Dó, Dó#, Ré, Ré#, Mi, Fá, Fá#, Sol, Sol#, Lá, Lá# e Si.

Notas bemois não constam na lista porque podem ser representadas pelos sustenidos. Por exemplo, essa lista com as 12 mesmas notas poderia ser assim:

Dó, Ré b, Ré, Mi b, Mi, Fá, Sol b, Sol, La b, Lá, Si b e Si.

E o que é um acorde?

Um acorde é a combinação harmônica de várias notas. Para formar um acorde, precisamos de pelo menos 3 notas. A tríade – menor unidade de acorde – é formada por tônica, terça e quinta. A tônica é a nota que dá nome ao acorde, o som guia.

Por exemplo, no acorde de Dó, a tônica sempre será um Dó. Já a terça, é o Mi. Dó (1) Ré (2) Mi (3). A quinta, será o Sol. ó (1) Ré (2) Mi (3) Fá (4) Sol (5). Portanto, Dó, Mi e Sol formam um acorde de Dó.

Dentro desse universo existem muitas variações e outras regras, mas você não precisa se aprofundar muito nisso. Essas informações já são suficientes pra você não passar vergonha numa roda de conversa musical.

E o que é tempo?

O tempo vai ditar a velocidade em que a música vai ser tocada. Ele vai dizer qual o andamento da música e isso é medido em batidas por minuto (BPM). Normalmente vai de 0 até 200. Mas quase sempre fica entre 50 e 180.

Quando se grava em estúdio ou até tocando ao vivo em shows profissionais é bastante comum que os músicos sejam guiados por um “click” que fica tocando no fone de ouvido pra que todos os músicos toquem no tempo estabelecido. Com isso, do começo ao fim, a música vai manter o mesmo andamento.

Além do tempo, temos o compasso.

Compasso não é a mesma coisa que tempo. Tempo indica a velocidade e o compasso mostra como as notas serão tocadas dentro dessa velocidade.

O compasso é uma fração matemática. Por exemplo, 4/4. O primeiro número define quantas unidades de tempo tem dentro do compasso. E o de baixo, é a quantidade em que a nota pode ser dividida para caber dentro do compasso.

É isso que você precisa entender para não passar vergonha, mas é claro que o assunto é mais profundo.

Se você leu essas explanações sobre teoria musical e está pensando que isso não é pra você, mas, ainda assim, você ama música e gostaria de trabalhar com isso, não se preocupe porque isso é possível.

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Este conteúdo reflete, apenas, a opinião do colunista Toca Raul, e não configura o pensamento editorial do Primeira Página.