BRT x VLT: um pouco dessa história
A cidade iria entrar em outro patamar na mobilidade urbana. Os fatos à frente mostram outra realidade
O governo do estado vendeu os vagões do VLT para a Bahia. Praticamente recupera o que foi gasto com essa compra. Uma decisão e compra esquisita feita na época da Copa do Mundo. Relembrando um pouco esse assunto.
A escolha antes fora pelo BRT. No meio do caminho algumas pessoas do estado propuseram a mudança para o VLT. Teve até visitas de gentes daqui a país europeu para mostrar que essa era a decisão correta. Tiraram fotos, Silval Barbosa junto, em frente aos carros do VLT.

A maioria das pessoas aceitou a ideia dessa mudança. Falava-se maravilhas do VLT em comparação com o BRT. E quase ninguém se preocupava com o preço de um ou do outro modal. Tudo fazia parte daquele momento de euforia com a Copa em Cuiabá. A diferença de preço era enorme, mas se foi em frente.
Ninguém, naquele momento, falava ou acreditava que poderia ter algum tipo de ação não republicana nessa mudança. Mas, mostram os fatos posteriores, que havia algo estranho no ar.
Sem mais nem menos, o governo de plantão comprou os vagões do VLT. Quando chegaram a Cuiabá foi uma euforia. A cidade iria entrar em outro patamar na mobilidade urbana. Os fatos à frente mostram outra realidade.
Os que estavam no comando dessa compra sabiam antecipadamente que não haveria mudança de modal, não haveria VLT correndo pelas ruas da capital. Um dado mostrou isso mais tarde. Era preciso fazer muitas desapropriações de casas e terrenos para passar o VLT. Nada disso havia sido feito. E o governo, assim mesmo, comprou os vagões do VLT.
Houve uma CPI das obras da Copa na ALMT. Ali se mostrou às escâncaras que as obras do VLT não seriam concluídas. Até mesmo dirigentes de empreiteiras contratadas para aquela obra disseram isso.
Foi criado, naquele momento das obras da Copa, um grupo de trabalho para seguir o que estava sendo feito. Incluía gentes do TCE e outros órgãos. Havia também presença de instituições federais como TCU nesse assunto. Ninguém falou nada sobre a compra dos vagões do VLT.
Como e por que tanta gente de todos aqueles órgãos foi engambelada pelo governo Silval Barbosa? Não dava para perceber que aquilo poderia ser uma jogada com intenções não republicanas? O homem comum, preocupado com seu dia a dia, talvez não tivesse tempo para essas observações, mas os colocados em posições especiais, para ajudar a tomar conta do dinheiro público, não perceber nada é que chama a atenção.
O que encabula é que a sociedade passa por assuntos estranhos como esse e não muito tempo depois tudo é esquecido, fica por isso mesmo. Assunto assim tão claro de erro e corrupção deveria até ser levado para debates para ilustrar gentes e interesses sobre decisões absurdas e estranhas. Insiste-se mais uma vez: como comprar vagões do VLT sabendo que a obra não seria concluída? O que diabo faziam ou ainda fazem órgãos de controle que deveriam falar em nome da sociedade? E tudo fica por isso mesmo.