Cacique Raoni envia carta cobrando visita ao presidente Lula
Lula passou por procedimento para combater dor no quadril e não compareceu ao encontro com os indígenas no Xingu
Considerado a maior liderança indígena do mundo, o Cacique Raoni enviou uma carta, na tarde desta quarta-feira (26), ao presidente Lula (PT), cobrando que o chefe do governo federal vá ao encontro dos indígenas do Xingu.
O cacique lembrou que fez o convite pessoalmente ao petista e, ele, assim como outras lideranças indígenas, aguardam por esse encontro.

O encontro é denominado de “Chamado do Cacique Raoni”, e a expectativa dos indígenas era a presença do presidente Lula no encontro que recebe delegações de diversas etnias.
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Na carta, Raoni diz que conversou pessoalmente com Lula e que todas as lideranças aguardavam a presença do presidente no evento.
Segundo ele, o petista disse que conversaria sobre terras que ainda não foram demarcadas e o cacique disse acreditar nas palavras do presidente.
Por fim, clama por ação do governo para que garimpeiros e madeireiros não invadam terras indígenas.
Veja a integra da carta:
Lula, meu caro amigo.
Cacique Raoni
Conversei com você pessoalmente e convidei você em Brasília para comparecer nesse encontro
ouça-me, aqui já estão todas as lideranças aguardando a sua chegada todas as lideranças aguardando a sua chegada, eu peço que venha logo! para que nós possamos conversar com todos, eu e você vamos ajudar meus parentes. vamos ajudar todos os parentes. Acredito em você. Você me disse que nós conversaríamos sobre as terras que não foram demarcados, eu não esqueci isso. Que você venha logo no meu encontro, para que todos se alegrem com sua chegada. Eu não sou criança, nós somos da mesma geração, somos adultos, antes que fiquemos velhos demais precisamos conversar sobre as terras indígenas para os parentes viverem em paz nas suas terras, para que garimpeiros e madeireiros não invadam as terras indígenas, é nisso que eu acredito! Por isso você tem que vir. essa é minha mensagem pra você.
Procedimento
Vale lembrar que o presidente Lula passou por uma intervenção médica, nesta quarta, para alívio de dores na região do quadril direito. O procedimento foi realizado sem intercorrências e, até amanhã (27), o chefe do executivo deve cumprir agenda na residência oficial, no Palácio da Alvorada, em Brasília.
Em nota, a Secretaria de Comunicação da Presidência disse que o desencontro foi devido ao procedimento de saúde pelo qual foi submetido o presidente. Entretanto, reforçou que a luta indígena e uma das bandeiras do terceiro mandato de Lula. Veja a íntegra da manifestação do Palácio do Planalto:
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou por um procedimento de saúde nesta semana, o que infelizmente não permitiu a ele participar do encontro. Mas o compromisso do presidente com o combate à grilagem e a garantia de territórios foi feito várias vezes durante a campanha, depois da eleição e da posse. O governo agiu de forma tempestiva contra o genocídio contra o povo Yanomami, criou o Ministério dos Povos Indígenas e está reforçando a estrutura da Funai e a atuação da Polícia Federal, do Ibama e das Forças Armadas na segurança e combate ao crime e invasões de áreas indígenas.
Encontro com Raoni
O evento que segue até o dia 28 com delegações de diversas etnias, terá plenária com a participação de diversas lideranças e jovens indígenas, além da presença das ministras Sônia Guajajara (Ministério dos Povos Indígenas) e Marina Silva (Ministério do Meio Ambiente). A presidente da Funai, Joenia Wapichana e o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho também são presenças confirmadas.
Ao final do evento será divulgada uma carta aberta com as reivindicações e próximos passos da luta indígena.
Lembrando que o último “Chamado do Cacique Raoni” ocorreu em janeiro de 2020, o encontro ficou suspenso durante a pandemia, quando várias etnias e o Cacique Raoni quase centenário adoeceu e perdeu familiares. Sem falar na pressão que territórios indígenas sofreram nos últimos 4 anos.
Agora, além de demarcação de terras indígenas eles discutem assuntos como mudanças climáticas e o legado de Raoni.
Também há expectativa de anúncio de um sucessor de Raoni, o Cacique tem mais de 90 anos no registro, os indígenas acreditam que ele já tenha 100.
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