Ainda sobre vacinas bivalentes e os esquemas vacinais para covid-19

Os dados de efetividade das vacinas bivalentes são escassos porém há evidência demonstrando proteção adicional para as pessoas que se vacinaram com a vacina bivalente com maior duração da proteção quando comparada às vacinas monovalentes

Prever o que o que iremos recomendar como esquema vacinal para COVID-19 ainda é um grande desafio, uma vez que não temos uma marcada sazonalidade do vírus e pleno conhecimento da duração da imunidade de acordo com as diferentes variantes.  Apesar disso, nos países do hemisfério norte foi recomendado uma dose de reforço com a vacina bivalente que contém a variante original e a Ômicron (variante BA1 ou BA4/BA5) pré possível período sazonal. Essa recomendação foi respaldada a partir de dados de segurança de fase 1/2 da vacina bivalente BA1 e dados de anticorpos neutralizantes para as diferentes variantes.

Enquanto nos EUA a recomendação é uma dose única de reforço em indivíduos com 5 anos de idade ou mais, com pelo menos dois meses após a o esquema primário de qualquer vacina de covid-19, na União Europeia, a indicação é para pessoas e funcionários de instituições de longa permanência, profissionais de saúde, mulheres grávidas, todos os adultos com mais de 60 anos, pessoas imunocomprometidas e nos menores de 60 anos com comorbidades relevantes. No Brasil, a recomendação é ofertar a dose de reforço para pessoas com mais de 60 anos, gestantes e puérperas, pacientes imunocomprometidos, pessoas com deficiência, pessoas vivendo em instituições de longa permanência, povos indígenas, ribeirinhos e quilombolas e trabalhadores de saúde, totalizando 52 milhões de pessoas elegíveis para a dose de reforço.

Os dados de efetividade das vacinas bivalentes são escassos porém há evidência demonstrando proteção adicional para as pessoas que se vacinaram com a vacina bivalente com maior duração da proteção quando comparada às vacinas monovalentes. Talvez esse seja o principal argumento para utilizar as vacinas bivalentes ao invés das vacinas monovalentes nessa população com maior risco de hospitalização e óbito: garantir uma proteção mais duradoura para hospitalização e óbitos.

Quando pensamos ao longo prazo, oferecer vacinas atualizadas para COVID-19 com uma atualização a partir de novas variantes  para os  grupos de maior risco parece ser uma tendência de recomendação das agências reguladoras. Na prática, o ideal seria ofertar essa dose de reforço para o grupo de maior risco anualmente, eventualmente pré período sazonal. Dessa forma, poderíamos  utilizar a campanha da gripe para ao mesmo tempo atualizar a vacina da Influenza e da COVID-19 para o mesmo público alvo garantindo eficiência do ponto de vista operacional das campanhas de vacinação.

Este conteúdo reflete, apenas, a opinião do colunista Saúde em Evidência, e não configura o pensamento editorial do Primeira Página.

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