Febre Maculosa no contexto de Mato Grosso do Sul
Entre 2010 e 2022, foram confirmados apenas 7 casos em Mato Grosso do Sul e 2 casos em Mato Grosso
Na manhã de segunda-feira (19), a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública) de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, divulgou que investiga um caso suspeito de febre maculosa em uma criança de um ano. A criança está atualmente internada em um hospital da Capital.

A Sesau relatou que a criança visitou Guia Lopes da Laguna, uma região do sudoeste de Mato Grosso do Sul, onde teve contato com animais domésticos tanto na área urbana quanto na rural. Amostras do paciente foram coletadas e enviadas para análise.
É importante destacar que a febre maculosa é uma doença infecciosa causada pela bactéria Rickettsia, transmitida pela picada de carrapatos, e não é transmitida diretamente de pessoa para pessoa. Os principais sintomas da doença incluem febre alta, dor de cabeça intensa, náuseas e vômitos, diarreia e dor abdominal, dor muscular constante e eventualmente lesões avermelhadas na pele.
Os registros mostram que Mato Grosso e Mato Grosso do Sul têm baixos índices de contaminação. Entre 2010 e 2022, foram confirmados apenas 7 casos em Mato Grosso do Sul e 2 casos em Mato Grosso. Mas é importante ficar alerta.
A febre maculosa é uma questão de saúde significativa em outras regiões do Brasil, principalmente no sudeste. O carrapato que transmite a doença é comumente encontrado em capivaras, mas pode infectar outros animais de grande porte, como bois e cavalos e eventualmente animais domésticos como cão.
A região mais afetada no Brasil é o Sudeste, com maior concentração no estado de São Paulo, principalmente nas áreas de Campinas e Piracicaba. De 2000 a 2018, mais de dois mil casos foram confirmados no Brasil, 47% dos quais no estado de São Paulo, sendo 62% na região de Campinas.
Prevenir a febre maculosa envolve o uso de roupas claras e calças compridas, colocar um elástico na calça para evitar que os carrapatos subam, e após passar por uma área de risco, buscar e remover imediatamente qualquer carrapato encontrado no corpo.
Nesse momento o mais importante é trabalhar junto com o pessoal do centro de zoonoses para fazer o manejo adequado dos animais nos nossos parques com controle da densidade através de esterilização, monitorar a densidade de carrapatos e verificar se esses carrapatos tem a presença de Rickettsia.
Pesquisas conduzidas pelo Prof. Renato Andreotti da Embrapa Gado de Corte têm indicado a presença do carrapato-estrela, principal transmissor da febre maculosa, em Mato Grosso do Sul, embora a frequência da bactéria Rickettsia seja baixa.
A parceria entre o centro de controle de zoonoses e Embrapa que vem atuando nesse tema e tem larga experiência nesse tipo de monitoramento com utilização de técnicas moleculares para a identificação da Rickettsia nas amostras de carrapatos é fundamental para termos uma vigilância ambiental efetiva.