Fiocruz: MT e Cuiabá recebem “alerta crítico” para superlotação em UTIs covid
Nota Técnica alerta para ocupação de leitos de UTI em nível crítico
Mato Grosso está entre os nove estados que estão na zona de alerta crítico, com indicadores iguais ou superiores a 80% para superlotação nos leitos de UTI covid-19 para adultos pelo SUS. O levantamento foi feito pelo Observatório Covid-19 da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), na Nota Técnica divulgada nessa quinta-feira (10).
Lidera a lista o Distrito Federal (99%), seguido por Mato Grosso do Sul (92%), Rio Grande do Norte (89%), Pernambuco (88%), Piauí (87%), Espírito Santo (87%), Tocantins (81%), Mato Grosso (81%) e Goiás (80%).

Cuiabá também aparece entre as 15 capitais que estão na zona de alerta crítico, com 81% de taxa de ocupação. Os dados foram coletados entre 1º e 7 de fevereiro, em comparação aos de 31 de janeiro, ou seja, foram 7 dias de observação.
Dados do Painel Epidemiológico da SES (Secretaria Estadual de Saúde) indicam que Cuiabá tem, até esta sexta-feira (11) 121.551 casos confirmados da doença e 3.604 mortos por complicações causadas pela covid-19.
A taxa de ocupação em leitos de UTI em Mato Grosso, de acordo com o Estado, é de 72,51%, restando 71 leitos do total de 283 pactuados pelo SUS. Desde o início da pandemia, 672.298 pessoas testaram positivo no estado, e 14.511 perderam a vida para a covid-19. Existem 789 pessoas internadas para tratamento.
Das capitais com alerta crítico, lidera a lista Porto Velho (91%), seguido por Rio Branco (80%), Palmas (81%), Teresina (taxa não divulgada, mas estimada superior a 83%), Fortaleza (85%), Natal (percentual estimado de 81%), João Pessoa (81%), Maceió (82%), Belo Horizonte (82%), Vitória (89%), Rio de Janeiro (86%), Campo Grande (99%), Goiânia (91%) e Brasília (99%).

Persistência das internações
A nota técnica observa que “chama a atenção a persistência de taxas de ocupação de leitos de UTI em níveis críticos nos estados e capitais do Nordeste e Centro-Oeste e no Espírito Santo, ainda que a reabertura de leitos tenha aliviado um pouco o quadro no Centro-Oeste (…)”.
Os pesquisadores demonstram preocupação com o espalhamento da variante Ômicron em áreas de baixa cobertura vacinal no país e com recursos assistenciais complexos precários.
Em Mato Grosso, de outubro do ano passado a janeiro deste ano, mais de 90% das mortes por covid são de pessoas com mais de 60 anos que não tomaram a dose de reforço contra o coronavírus. Em Cuiabá, a SMS (Secretaria Municipal de Saúde) desenvolveu um trabalho de busca ativa com o apoio dos agentes de saúde, que percorrem as ruas dos bairros e tentam identificar aqueles que ainda não se vacinaram.
“Como temos sublinhado, a elevadíssima transmissibilidade da variante Ômicron pode incorrer em demanda expressiva de internações em leitos de UTI, ainda que a probabilidade de ocorrência de casos graves seja mais baixa”, diz trecho da nota.
Passaporte da vacina
A Fiocruz afirma que “a exigência do passaporte vacinal é uma política de estímulo à vacinação. É também fundamental controlar a disseminação da covid-19, sendo central a realização de campanhas de distribuição e o endurecimento da obrigatoriedade de uso de máscaras adequadas em locais públicos”.
Contudo, a Assembleia Legislativa de Mato Grosso aprovou um projeto de lei que proíbe a exigência do comprovante de vacinação. Caso o governador Mauro Mendes (DEM) sancione, os estabelecimentos comerciais e privados ficarão proibidos de exigirem a vacinação do público.
A matéria está em análise pela CGE (Controladoria Geral do Estado) e é alvo de polêmica entre os próprios deputados, já que alguns entendem que as pessoas precisam ter liberdade de escolher se vacinar, mas outros apontam para as vacinas são a única forma de conter o avanço da pandemia.