Raio-X das UPAs: pacientes expõem demora e corre-corre atrás de médico
A Secretaria Municipal de Saúde prometeu ampliar as equipes, mas, enquanto isso, a realidade nas unidades de saúde é caótica
As UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) de Campo Grande enfrentam uma crise de superlotação. Conforme denúncias de pacientes, a quantidade de médicos nas unidades é insuficiente para atender a demanda, resultando em longas filas e esperas exaustivas, principalmente para pais com crianças.

? Ouça a reportagem da Morena FM:
A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) prometeu ampliar as equipes, mas, enquanto isso, a realidade nas unidades de saúde é caótica.
No início da noite de terça-feira (1º), por exemplo, pacientes relataram que a UPA Universitário estava lotada, pouco depois das 18h, levando alguns a optar por esperar do lado de fora.
Raissa Teixeira Alves, uma dona de casa, buscou atendimento para sua filha com febre e, após insistir, conseguiu que a menina fosse atendida.
“Cheguei aqui era uma hora da tarde e estou saindo quase seis. Fui várias vezes falar com os funcionários, até que uma assistente social mandou mensagem para os médicos para que eles atendessem logo”, contou Raissa.

Carolina de Oliveira Souza Almeida, moradora no bairro Oliveira, relata a dificuldade enfrentada para encontrar um pediatra para seu filho de dois anos.
“Tive que ir da UPA Tiradentes até a Universitário. Agora, volto para casa e, à meia-noite, preciso retornar ao Tiradentes. Já gastei mais de R$ 60 com Uber, tudo por falta de pediatras no nosso bairro”, lamentou.
Na UPA Leblon, a situação também estava crítica. Na última segunda-feira (31), a unidade estava superlotada; muitos pacientes esperaram mais de seis horas e acabaram desistindo do atendimento, como a camareira Dayane Fernandes.
“Cheguei aqui às três da tarde, estou com diarreia e dores pelo corpo, mas não fui atendida. Esperei mais de uma hora só na triagem e, até agora, não chamaram os pacientes. Estou indo embora sem atendimento”, desabafou.

Na UPA Coronel Antonino, a auxiliar de almoxarifado Mayara dormiu no local esperando uma vaga para sua filha com suspeita de apendicite.
“Ela deu entrada ontem à noite e estamos aqui desde então, esperando a liberação de leito. Passamos a noite sentadas, sem medicação, e só agora ela está na observação, aguardando transferência para o hospital”, contou Mayara.
A ajudante de jardinagem Bárbara Oliveira também descreveu a situação da unidade de saúde.
“Demora tanto para atender que pediram para fazer compressa de água gelada em uma criança com febre alta.”

Regilene Atacio Correa, operadora de caixa, desabafou após quase cinco horas de espera.
“Estou aqui desde as quatro da tarde com minha filha com febre. Disseram que me chamaram, mas não chamaram. Agora, a recepcionista mandou passar pela triagem novamente, mesmo tendo já passadpo pela triagem.”
Marcelo Santana, presidente do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul, alega preocupação com a situação.
“É um problema que afeta toda a estrutura de saúde de Campo Grande, desde o atendimento básico até as UPAs e hospitais. Os profissionais estão sobrecarregados, atendendo uma demanda muito maior do que conseguem suportar.”
A Secretária Municipal de Saúde, Rosana Leite, reconheceu que a superlotação é resultado do aumento de doenças respiratórias e que medidas estão sendo tomadas.
“Estamos enviando mais médicos e ampliando os plantões sempre que possível. Na sexta-feira, fizemos um chamamento de 25 médicos, que devem se apresentar ainda esta semana. Se necessário, faremos novos recrutamentos”, afirmou.