50 indígenas foram atendidos em ambulância após confronto na MS-156

Outras três pessoas deram entrada no Hospital da Vida; duas mulheres precisaram ficar internadas, mas não correm risco de morte

Pelo menos 50 pessoas foram socorridas às margens MS-156 por uma equipe de emergência do Hospital Universitário da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados). O socorro foi enviado para o local após o confronto entre indígenas Guarani-Kaiowá e policiais militares, nessa quarta-feira (17).

A informação foi divulgada pela Rede Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares).

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Equipes do Hospital Universitário da UFGD no local do confronto (Foto: Rede Ebserh)

Uma ambulância de suporte avançado foi enviada ao local e ficou estacionada por toda a tarde na rotatória de acesso à entrada da Reserva Indígena de Dourados, em meio a indígenas e policiais.

A equipe contava com um médico, dois enfermeiros, cinco residentes de saúde indígena e duas acadêmicas de medicina. Segundo a Ebserh, a maioria dos atendimentos foram de indígenas que relataram dores e ferimentos causados por balas de borracha.

“Foram realizados aproximadamente 20 curativos em ferimentos desse tipo, administradas 20 medicações para dor e mal-estar, além de oito aferições de pressão arterial em pessoas hipertensas”.

Outras três pessoas deram entrada no Hospital da Vida; duas mulheres precisaram ficar internadas, mas não correm risco de morte.

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O confronto ocorreu enquanto os indígenas protestam pela falta de água que atinge a reserva desde a segunda-feira (25). Os manifestantes fecharam a rodovia e impediram o acesso dos veículos, por isso, equipes do Batalhão de Choque e do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) foram para o local.

Segundo o relato dos indígenas, os policiais chegaram de forma repentina e arremessaram bombas de efeito moral em direção a multidão, na intenção de fazer com que o grupo voltasse para a aldeia Jaguapiru, uma das maiores comunidades urbanas de povos originários. Os protestantes jogaram pedras contras os veículos oficiais e os policiais em resposta.

Vídeos mostram parte da confusão na rodovia.

Ainda na noite dessa quarta-feira (27), o Ministério dos Povos Indígenas emitiu nota em que considerou “inadmissível o uso arbitrário e desproporcional da força contra os indígenas que se manifestavam em reivindicação ao abastecimento de água potável para as aldeias” e destinou ,de forma imediata, R$ 2 milhões para a construção de dois super poços de água na Reserva Indígena de Dourados.

“Além disso, outra iniciativa foi o convênio assinado na última semana pela ministra Sonia Guajajara junto ao Governo do Estado e à Itaipu Binacional que contará com investimentos de R$ 60 milhões. Entre as medidas, está prevista a ampliação e melhoria dos sistemas de abastecimento de água em oito aldeias, beneficiando mais de 34 mil pessoas.
Também foi celebrado Termo de Execução Descentralizada entre o MPI e a Universidade Federal da Grande Dourados, com o aporte de R$575 mil para a construção de poços artesianos”.

Nota do MPI
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Reunião desta quinta-feira no MPF (Foto: Thalyta Andrade )

Para negociar o desbloqueio da rodovia estadual, que permaneceu interditado mesmo após o confronto, o MPF (Ministério Público Federal) se reuniu com lideranças das aldeias Jaguapiru e Bororó, representantes do comando da Polícia Militar e da Força Nacional, com a secretária de Cidadania do Estado, Viviane Luiza da Silva e com o coordenador do DSEI/MS (Distrito Sanitário Especial Indígena em Mato Grosso do Sul), Lindomar Terena.

Eloi Terena, que é o secretário-executivo do Ministério dos Povos Indígenas e Ricardo Weibe Tapeba, secretário nacional de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, participaram do encontro de forma on-line.

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