Após 2 meses, PM ainda não concluiu inquérito sobre morte de indígena
Vitor Fernandes morreu por causa do conflito indígena investigado pela PM, no dia 24 de junho de 2022, numa fazenda em Amambai
Já se passaram quase dois meses desde a morte do indígena Vitor Fernandes, de 42 anos, durante o conflito em Amambai entre os nativos e a polícia na retomada Guapoy, e a PM (Polícia Militar) de Mato Grosso do Sul não concluiu o inquérito sobre o ocorrido.

Segundo a Polícia Militar, o inquérito sobre a morte do indígena está em curso, conforme o prazo regulamentar. O prazo para esse tipo de procedimento administrativo é de 40 dias, podendo ser prorrogado. “Após a conclusão, os autos serão remetidos à Corregedoria Geral da PMMS para demais providências”, afirmou em nota.
O CNDH (Conselho Nacional dos Direitos Humanos) chegou a recomendar a suspensão da investigação pela Polícia Militar sobre a morte do indígena Vitor Fernandes, até a apuração dos fatos pela Polícia Federal.
O CNDH pediu o uso do Serviço de Repressão a Crimes Contra Comunidades Indígenas e Conflitos Agrários, da Polícia Federal.
Vitor morreu horas depois do conflito indígena com policiais militares e do Batalhão de Choque, que ocorreu no dia 24 de junho, durante a retomada Guapoy, na fazenda Borba da Mata, em Amambai. Além da morte dele, outros indígenas ficaram feridos. Na época dos fatos, oito indígenas foram detidos.
Versão da PM
Junto com a prisão dos possíveis envolvidos no crime, está também o depoimento do comandante da ação militar na fazenda.
O policial narra que foi a fazenda depois de receber um pedido de apoio da Polícia Militar de Amambai. A informação inicial era de que os caseiros da Fazenda Borda da Mata foram rendidos, ameaçados de morte e expulsos da propriedade por indígenas armados. No local, afirma ter encontrado um imóvel depredado, com câmeras de segurança destruído e focos de incêndio.
Logo que chegaram, encontraram a resistência dos povos originários. Gritos de ordem foram dados e pedras, paus, flechas e fogos de artifícios, arremessados contra as equipes. Os militares montaram um escudo para escapar dos objetos e reagiram com tiros de bala de borracha e gás lacrimogênio.
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Quando se aproximaram da “barreira” montada pelos índios com trocos de árvores, a tensão aumentou e os tiros começaram. Segundo o depoimento do policial, flechas e tiros foram disparados pelos suspeitos. Mais uma vez, os policiais reagiram. Dessa vez, além das armas não letais, também atiraram com as armas normais.
No boletim de ocorrência, a polícia afirma que só atirou nos indígenas armados e que mesmo blindada por escudos, o batalhão foi atacado pelo grupo.
Já do outro lado, todos os presos negam envolvimento no conflito. Pelo contrário, alegam que foram feridos durante ações a confusão, socorridos e presos dias depois por crimes que não cometeram.
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