Chacina do Beco do Candeeiro: mãe de adolescente diz que vai lutar até a morte

As vítimas foram Adileu Santos, Reginaldo Magalhães, Edgard Arruda e um quarto menino que não foi identificado, que não morreu

Na madrugada fria de 10 de julho de 1998, quatro adolescentes buscaram abrigo no Beco do Candeeiro, no Centro de Cuiabá, e dormiam em um degrau na calçada quando foram surpreendidos com vários disparos de arma de fogo e três deles morreram.

Foto maria mae vitima Beco
Chacina do Beco do Candeeiro aconteceu em 1998 e estátua foi feita em homenagem as vítimas. (Foto: Helena Corezomaé)

As vítimas foram Adileu Santos, Reginaldo Magalhães, Edgard Arruda e um quarto menino que não foi identificado, que não morreu, com idades entre 13 e 16 anos.

Nesta quarta-feira (10), o crime completa 26 anos, e Maria dos Santos Silva, de 74 anos, mãe de Adileu, voltou ao local para pedir, mais uma vez, justiça pelo assassinato do filho e seus colegas. 

Maria dos Santos Silva caminha pelo Beco do Candeeiro onde filho foi morto. (Vídeo: Primeira Página)

Maria mora em Cáceres, a 220 km da capital, mas, desde a morte do filho, ela viaja para Cuiabá para cobrar as autoridades ações sobre o caso e manifestar a indignação pela perda de Adileu. 

“Peguei carona para conseguir chegar até aqui. Todos os anos viajo em busca de justiça e não vou parar. Enquanto eu tiver vida, não vou parar. Vou lutar até a morte. Trabalhei muito para criar ele, era meu filho mais novo, e hoje não tenho ninguém. Meu sofrimento é muito grande”, ressaltou. 

Até hoje não está claro a motivação do crime. O único sobrevivente do grupo alvejado pela polícia participou do julgamento popular, em 2014, e reconheceu o policial militar Adeir de Souza Guedes Filho como o responsável pelas mortes dos garotos. 

Segundo a denúncia, o militar teria usado uma pistola para matar os garotos na rua. Ele foi o único levado a julgamento, mas foi inocentado por falta de provas.

“Até hoje nada aconteceu e pra gente que é mãe isso é muito triste. Mataram crianças”, disse Maria  dos Santos. 

Um livro escrito pelo jornalista Johnny Marcus, a respeito da chacina, conta que a investigação não chegou a lugar algum, pois esse era exatamente o objetivo do Ministério Público e da Polícia Civil e Militar, à época. Os autos do processo, conforme o autor, revelam uma investigação mal conduzida e caótica. 

Uma estátua dos três meninos assassinados foi instalada na Praça Senhor dos Passos e é um tributo aos adolescentes. 

O Beco 

O Beco leva esse nome por causa de um candeeiro na porta da Taverna, à época era chamado de Casa do Truque. 

Em 1919, o beco teve a primeira instalação de energia elétrica, já que era considerada como a rua mais importante de Cuiabá. 

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