Indígenas de MS são resgatados de trabalho análogo à escravidão em SP
Trabalhadores estavam em um frigorífico, atuando na coleta de frangos
Cerca de 35 indígenas da Aldeia de Amambai foram resgatados por equipes do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), em condições análogas à escravidão, em um frigorífico no interior de São Paulo. O caso aconteceu no dia 17 de março, mas só foi divulgado nesta sexta-feira (21).

De acordo com o Governo Federal, os trabalhadores foram recrutados sob promessa de que teriam o trabalho registrado na carteira, além de ficar em um alojamento com camas, armários, banheiros e alimentação custeada pela empresa.
O cacique da aldeia recebeu R$ 70 por cada indígena que aceitou ser levado até o frigorífico. Porém, quando o local foi inspecionado, constatou-se que a situação era extremamente precária.
Situação análoga à escravidão
Os 35 homens encontravam-se amontoados em uma casa em péssimas condições. Na garagem, havia seis trabalhadores que dormiam em colchões no chão sujo e úmido, além de o cômodo estar infestado de besouros e mosquitos.
No primeiro andar da residência, três quartos serviam de dormitórios: no maior deles, seis homens dormiam no chão, enquanto outros cinco tentavam se acomodar na varanda, expostos ao sol e chuva.
Em outro dois quartos pequenos, dormiam mais dois trabalhadores em cada um. Além disso, mais alguns homens se abrigavam na varanda dos fundos, além de um corredor interno e externo sujeitos às mudanças climáticas.
A equipe do MTE também constatou que, na casa, não havia armários para que as roupas fossem guardadas, assim como os objetos pessoais. Na residência também não foram encontradas mesas e cadeiras. OS 35 homens possuíam apenas um banheiro à disposição.
A única comida encontrada pela fiscalização foi um arroz empapado, que estava em uma panela no fogão. Nos fins de semana, a empresa responsável não fornecia alimentação adequada, deixando os trabalhos sem proteína.
Como não havia espaço para lavar ou secar roupas, alguns utilizavam a mesma vestimenta há duas semanas. Diante das irregularidades, a auditoria fiscal determinou a imediata paralisação das atividades, bem como a dispensa dos trabalhadores por culpa do empregador.
Os indígenas retornaram à aldeia onde moram e, ao todo, o pagamento das verbas indenizatórias chega a R$ 170 mil, além de R$ 85 mil e danos morais individuais. O total a ser pago diretamente aos trabalhadores é de R$ 255 mil, nesta sexta-feira (21).