Mãe vende filha, se arrepende e as duas acabam em cárcere em MS

Uma mulher de 41 anos foi presa em flagrante pelo crime; depois de resgate, as vítimas foram entregues as autoridades do Paraguai

Uma mulher paraguaia e seu bebê recém-nascido foram resgatados pela polícia depois de ficarem 11 dias em cárcere privado uma aldeia de Antônio João – cidade de 300 quilômetros de Campo Grande. Segundo a polícia, a vítima veio ao Brasil para vender a filha, mas mudou de ideia ao dar a luz e por isso foi impedida de ir embora.

O caso foi descoberto pela polícia em uma visita a aldeia Marangatú durante a operação Protetor na quarta-feira (29). É o que explica a delegada Gabriela Vanoni, da DAM (Delegacia de Atendimento à Mulher) de Fátima do Sul.

“Nós recebemos a informação de que uma criança e uma mãe estariam sendo vítimas de cárcere privado. A informação chegou até nós mediante a liderança local, que é a vereadora Inayê Gomes e também o capitão Vicente”

Gabriela Vanoni, delegada DAM

A equipe da delegacia especializada agiu imediatamente e logo chegou a autora do crime; uma mulher de 41 anos. Mãe e filha estavam com ela.

carcere aldeira antoniojoao
Equipes da Polícia Civil na aldeia em que a autora foi presa (Foto: PCMS)

A vítima contou que veio para Mato Grosso do Sul para ter o bebê e logo em seguida, entregar para a mulher, mas mudou de ideia e se negou a dar a criança. Por causa disso foi ameaçada e impedida de ir embora. A autora ainda deu duas opções da paraguaia; entregar a filha em troca da liberdade ou pagar R$ 1 mil para sair com ela da aldeia.

Como não tinha dinheiro, a mulher ficou com a filha.

Diante do relato, a mulher de 41 anos foi presa em flagrante pela polícia.

Depois do resgate, o Conselho Tutelar de Antônio João foi acionado e fez contato com as autoridades paraguaias para que mãe e bebê foram devolvidos em segurança ao país. A Polícia Civil acompanhou todo esse processo.

Tráfico de crianças

Segundo a delegada, durante a ocorrência foi relatado que crianças paraguaias vêm para o Brasil e são adotadas de forma ilegal ou então são entregues às famílias de forma ilegal, “inclusive algumas mediante pagamento ou recompensa”

“Esse caso vai dar margem para que as investigações, já que a situação caracteriza um possível tráfico de crianças, visto que a área é uma região de fronteira como Paraguai e essas crianças estão sem qualquer respaldo, sem qualquer cuidado, fazendo então a necessidade de que os órgãos públicos hajam de forma veemente para evitar esse tráfico infantil”.

Gabriela Vanoni, delegada DAM

A situação também foi levada a Defensoria Pública da União e ao Ministério Público, que devem acompanhar as investigações.

“A criança é extremamente vulnerável e depende, na verdade, dos seus pais ou dos adultos que estejam ali por perto. Por isso a orientação é que tanto a comunidade informe ao Conselho Tutelar, a Defensoria Pública, a Promotoria, ao Poder Judiciário e sobretudo a Polícia Civil, que nós estamos aqui para servir, proteger e orientar. Ainda que esteja na dúvida, se incorre em crime ou não, procurem os órgãos públicos para que possa, em caso de adoção, formalizar da maneira devida para garantir a dignidade dessas crianças”.

Gabriela Vanoni, delegada DAM

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