PM suspeito de matar jovem que construiu avião em Colniza é transferido para Cuiabá

Decisão judicial justifica a medida por falta de instalações adequadas em Colniza e Juína; Sindicato repudia crime e questiona militarização nas escolas

O policial militar Elias Ribeiro da Silva, de 54 anos, preso em flagrante pelo assassinato de Claudemir Sá Ribeiro, de 26 anos, foi transferido para a custódia provisória no Batalhão de Operações Especiais da PMMT (Bope), em Cuiabá. O crime aconteceu no último domingo (23), em Colniza, a 1.065 km da capital.

Claudemir Sa Ribeiro
PM que matou criador de réplica de avião é transferido para o Bope em Cuiabá. (Foto: Reprodução)

A decisão foi assinada pelo juiz substituto Guilherme Leite Roriz, que justificou a medida devido à ausência de unidades prisionais adequadas em Colniza e Juína para a custódia de militares.

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Elias Ribeiro da Silva, 54 anos, foi preso em flagrante. (Foto: reprodução)

Segundo a decisão judicial, a transferência segue as diretrizes da Portaria Corregedoria da Polícia Militar, que determina a custódia de policiais presos em unidades militares, com exceção de casos específicos. 

unidade compativel no bope

O juiz ainda relata que, apesar do Bope não possuir estrutura ideal para reeducandos, o batalhão atende aos requisitos mínimos de “segurança e integridade” para o custodiado .

Relembre o crime

Claudemir Sá Ribeiro, conhecido por construir uma réplica de avião da Força Aérea Brasileira (FAB) com materiais reciclados, foi morto a tiros no último domingo (23), em um bar de Colniza. Veja vídeo momento do crime:

(Vídeo: Reprodução)

O autor do crime, Elias Ribeiro da Silva, era diretor da Escola Militar Tiradentes no município e foi preso em flagrante pela Polícia Civil e Militar.

Testemunhas relataram que o policial atirou contra Claudemir e fugiu de moto. A vítima foi encontrada caída na calçada, ensanguentada e amparada por populares, mas não resistiu aos ferimentos. 

De acordo com o delegado de Juína, Ronaldo Binoti Filho, responsável pela investigação, o suspeito atirou “à queima-roupa contra um rapaz completamente inocente, que estava mexendo no celular quando fora atingido, simplesmente pelo fato de não ser correspondido pelas mulheres com quem esteve durante o dia”.

A arma do crime e um carregador com 15 munições foram apreendidos com o suspeito, que deve responder por homicídio qualificado .

Sindicato repudia o crime e questiona modelo cívico-militar

O Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT) repudiou o crime e criticou a presença de policiais na gestão escolar, apontando possíveis riscos da militarização da educação pública.

Em nota, o sindicato afirmou que o assassinato do jovem evidencia a banalização dos princípios educacionais e reforça as preocupações com o modelo cívico-militar, que, segundo a entidade, expõe estudantes e profissionais ao risco de violência.

“A escola deve ser um espaço de aprendizado e acolhimento, não um ambiente regido pelo autoritarismo e pelo uso da força armada. Esse modelo de gestão não pode ser referência para a educação pública”, diz trecho do comunicado.

O Sintep-MT também citou outros casos de violência e abusos em escolas cívico-militares pelo Brasil e defendeu que a administração escolar seja conduzida por profissionais qualificados, selecionados por concurso público.

O caso segue sob investigação da Polícia Civil.

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