Reportagem mostra como funcionava esquema envolvendo empresa de Renato Cariani

A PF descobriu que quem fazia os pagamentos das notas eram pessoas diretamente ligadas a um amigo de Renato Cariani

Uma reportagem do Fantástico, da TV Globo, exibida nesse domingo (17), mostrou como funcionava o esquema de falsificação de notas para o desvio de produtos químicos para a fabricação de drogas. Uma das empresas investigadas pela Polícia Federal é do influenciador fitness Renato Cariani, que é sócio desde 2008.

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Influenciador foi alvo de busca e apreensão na última semana. (Foto: Reprodução)

A investigação da PF mostra que a Anidrol, empresa de Diadema (SP) que Cariani é sócio, vendeu produtos químicos controlados para o tráfico mascarando esses desvios como se tivessem sido transações legais com grandes indústrias químicas.

A estimativa dos investigadores é que, apenas considerando as transações fictícias para uma dessas empresas, a Anidrol vendeu:

  • três tipos de solventes – os 2.050 litros no total podem produzir 1.640kg de cocaína
  • substâncias em pó que podem servir para adulterar a mesma droga e poderiam produzir 15,8 toneladas da droga
  • 4.875kg de fenacetina, que podem gerar 12,2 toneladas de crack

Notas fiscais falsas

A empresa Anidrol chamou a atenção da Receita Federal em 2015, com duas notas emitidas para a AstraZeneca, que disse em nota que não compra esses produtos de fornecedores do Brasil.

O caso de investigação de notas para desvio de produtos era investigado pela Polícia Civil de São Paulo e pela PF.

Quando foi investigado pela Polícia Civil no caso das notas falsas, Renato apresentou uma troca de e-mails com um suposto representante da AstraZeneca – Augusto Guerra, que assinava como diretor nacional de compras da multinacional – e afirmou ainda, em 2021, que chegou a se encontrar com um representante da farmacêutica.

A AstraZeneca nega que Augusto Guerra faz parte do quadro de trabalhadores. O inquérito da PJC-SP nunca chegou a descobrir quem seria Guerra e foi arquivado no início deste ano.

Mas a Polícia Federal descobriu que quem fazia os pagamentos das notas eram pessoas diretamente ligadas a um amigo de Renato Cariani, chamado Fábio Spinola.

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Como funcionava esquema. (Foto: TV Globo)

Conforme as investigações, foi Fábio quem criou o e-mail falso do personagem Augusto Guerra. As informações estavam no celular dele, além de dois recibos bancários de pagamento da criação desse e-mail.

Spinola já tinha sido alvo da Operação Downfall, em maio deste ano, que desarticulou uma organização de tráfico que usava mergulhadores para colocar droga no casco de navios. Fábio foi solto em novembro e, na operação dessa semana, foi encontrado com tornozeleira eletrônica e com R$ 100 mil em dinheiro em sua casa. A defesa dele nega as acusações.

O influenciador Renato Cariani preferiu não ceder entrevista à reportagem da TV Globo e disse que apenas vai se manifestar por seus vídeos nas suas redes sociais. O influenciador vai depor à PF nesta segunda-feira (18).

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