"Sintonia dos Gravatas": o que diz a defesa de advogado e servidor que são pivôs de operação
Gaeco tem até esta sexta-feira para apresentar denúncia contra grupo suspeito de dar apoio a facção criminosa
Se há dois personagens principais na operação “Courrier”, que apura envolvimento de 15 advogados, de Mato Grosso do Sul e São Paulo, com facção criminosa atuante dentro e fora dos presídios eles se chamam Bruno Ghizzi, de 30 anos, e Rodrigo Pereira da Silva Correa, de 41. Ghizzi é advogado e Correa analista judiciário, ambos altamente implicados na operação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado), que tem prazo até esta sexta-feira (8) para apresentar a acusação formal ao Judiciário.

Você vai ver logo abaixo como se manifestam as defesas dos dois investigados
Ele estão presos desde o dia 25 de março, quando foi deflagrada a fase de campo da ação contra o núcleo denominado “Sintonia dos Gravatas”, formado por advogados sob suspeita de ar apoio ilegal à máfia criada em São Paulo na década de 1990.
Entre Bruno Ghizzi e Rodrico Correa, foi descoberta relação fora dos ditames legais, com o compartilhamento de senha exclusiva para acessar sistemas sigilosos de informações, e, ainda, vazamento de decisão judicial sobre transferência de um dos cabeças da facção em presídio estadual de Mato Grosso do Sul para o sistema federal.
No telefone móvel dos suspeitos, foram descobertas conversas comprometedoras, até mesmo envolvendo ameaças de atentados a autoridades do Judiciário.

A resposta das defesas
Ouvidos pelo Primeira Página, os defensores dos dois tiveram comportamentos distintos. O de Bruno Ghizzi, Flavio de Oliveira Moraes, decidiu esperar a apresentação da denúncia à Justiça para se manifestar.
Quando foi ouvido pelo Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Bancos, Assaltos e Sequetros), o advogado admitiu que recebeu senha de Rodrigo Correa de forma espontânea e argumentou que usou para pesquisar o delegado de Polícia Civil Carlos Delano, titular da DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídios), porque queria delatar o esquema dos “gravatas” a um policial confiável.
Foi indagado pela reportagem perguntou se Ghizzi tem intenção de oferecer conteúdo para uma eventual colaboração premiada e se pediu reforço de segurança, em razão do risco de represália por parte da facção. A resposta, informou o advogado, só virá depois de conhecido o teor da acusação formal.
A defesa informou que optou por impetrar habeas corpus, com pedido libertatório, a fim de restabelecer a liberdade, que foi cerceada de maneira “equivocada e precipitada”, já que o senhor Rodrigo sempre contribuiu com as investigações.
A defesa está analisando com a devida cautela os fundamentos do pedido da prisão preventiva e da decisão que a decretou, na busca do restabelecimento da liberdade e da verdade.
“Salienta-se que a defesa nega veementemente as acusações, bem como possui inteira convicção de que demonstrará a absoluta correção das condutas do sr Rodrigo Pereira da Silva Correa”, declaram em nota à imprensa Eres Figueira da Silva Junior e Wellyngton Ramos Figueira, representantes legais do analista judiciário.
Eles tentaram a liberdade do cliente via habeas corpus, mas não obtiveram êxito ainda.
Alegam que a prisão foi “equivocada e precipitada, já que o senhor Rodrigo sempre contribuiu com as investigações”.
O analista era chefe do cartório da 1ª Vara de Execução Penal em Campo Grande, onde tramitam os processos de cumprimento de pena envolvendo presos do regime fechado. Ele foi afastado das funções em julho do ano e responde a processo que pode resultar em demissão.
Correa está em presídio estadual e o advogado Bruno Ghizzi no alojamento destinado a profissionais da área, ambos no complexo prisional do Jardim Noroeste.
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