Audiência para decidir futuro do BRT em Cuiabá termina em apenas 18 minutos
O advogado Leonardo Campos informou que os diretores do consórcio responsável pela obra do BRT não puderam comparecer devido a negociações em andamento com o governo do estado
A audiência na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) para discutir a continuidade das obras do BRT (Buss Rapid Transit), na região metropolitana de Cuiabá, nesta quinta-feira (27), durou somente 18 minutos.
Apenas um representante do Consórcio BRT compareceu. O advogado das empresas que compõem o consórcio, Leonardo Campos, informou que os diretores não puderam comparecer devido a negociações em andamento com o governo do estado.

Na reunião convocada por Lúdio Cabral (PT), Leonardo Campos informou que a diretoria do consórcio estava em outra agenda com o governo, no mesmo horário, sobre o assunto.
”Fomos convocados para ir na Sinfra (Secretaria Estadual de Infraestrutura) em busca da finalização de um acordo bilateral, para que possamos encontrar uma solução para a paralisação da obra de mobilidade urbana”, afirmou o advogado durante a sessão.
Segundo Campos, o consórcio está comprometido em resolver os problemas e as negociações estão sendo conduzidas com transparência, com a participação do TCE (Tribunal de Contas do Estado) e do MPE (Ministério Público Estadual).

Audiência adiada
O advogado solicitou o adiamento da audiência sobre o BRT na Assembleia até que um acordo seja formalizado e o consórcio possa prestar os devidos esclarecimentos, com base em informações concretas.
Lúdio Cabral disse que vai apresentar um requerimento solicitando a criação de uma comissão especial, envolvendo a Assembleia Legislativa e as Câmaras de Vereadores de Cuiabá e Várzea Grande, com o objetivo de acompanhar o andamento das obras do BRT.
O secretário de Infraestrutura do estado, Marcelo Oliveira, foi convocado a prestar esclarecimentos à ALMT no dia 17 de março.
Transporte que não anda
A obra do BRT já se arrasta há mais de dez anos, passando por mudanças no modal. Inicialmente, o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) ocupava o lugar do projeto, mas apenas 30% das obras foram concluídas, consumindo R$ 1,5 bilhão de recursos públicos.
No fim, o VLT foi substituído pelo BRT, resultando na destruição de parte do que já havia sido construído.

No entanto, após dois anos, apenas 18% das obras do BRT foram finalizadas e o contrato com o Consórcio Construtor BRT Cuiabá entrou em processo de rescisão devido a notificações de descumprimento de cláusulas.
O consórcio alegou que mudanças no traçado, disputas políticas e problemas técnicos, como incompatibilidade com normas e dificuldades no licenciamento ambiental, foram os principais responsáveis pelos atrasos.
O governo já notificou o consórcio 50 vezes, mas o futuro do projeto permanece incerto, gerando prejuízos financeiros e impactos negativos para a população, que continua sem um sistema de transporte eficiente.