BR-262 em MS deve ter 102 km de duplicação e pedágio acima de R$ 10; entenda

Trecho da BR-262 entre Campo Grande e divisa MS-SP está no projeto de concessão de rodovias que engloba também a BR-267, a MS-040, MS-338 e MS-395

Importante via que liga Campo Grande ao estado de São Paulo, a BR-262 é parte da chamada Rota da Celulose. Diante de uma rodovia de pista simples com aumento de tráfego, principalmente de veículos pesados, a União deve delegar ao governo de Mato Grosso do Sul a administração do trecho entre Campo Grande e Três Lagoas e também da BR-267 entre Nova Alvorada do Sul e Bataguassu. Duplicação à vista? Sim, mas não na quilometragem almejada. Pedágio à vista? Certamente. (entenda ao longo da reportagem)

BR-262, km 245, entre Campo Grande e Ribas do Rio Pardo (Foto: Edemir Rodrigues/EPE)
BR-262, km 245, entre Campo Grande e Ribas do Rio Pardo (Foto: Edemir Rodrigues/EPE)

Com a delegação, a BR-262 e a BR-267 serão concedidas à iniciativa privada com: MS-040, entre Campo Grande e Santa Rita do Pardo; MS-338, entre Santa Rita do Pardo e entroncamento da MS-395; e MS-395, entre o entroncamento da MS-338 e Bataguassu.

Todo esse pacote de concessão, com prazo de 30 anos, foi denominado Rota da Celulose, com extensão total de 870,4 quilômetros. O projeto é destinado à adequação de capacidade, reabilitação, operação, manutenção e conservação dessas rodovias. A estimativa de investimento é de R$ 8,8 bilhões.

Está certo que, para a concessão ser viabilizada, é necessário que haja o convênio de delegação da titularidade para o governo estadual dos trechos da BR-262 e da BR-267. E isso deve ser concretizado muito em breve, pois além de declarações da ministra Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) de que o presidente Lula autorizou a estadualização, o Ministério dos Transportes divulgou que o edital da Rota da Celulose sairá em setembro e que o leilão tem data marcada: 12 de dezembro de 2024.

Governador Eduardo Riedel e ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, durante reunião, em 22 de agosto de 2024, sobre a delegação para o governo de MS das rodovias federais BR-262 e BR-267 (Foto: Saul Schramm/Governo de MS)
Governador Eduardo Riedel e ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, durante reunião, em 22 de agosto de 2024, sobre a delegação para o governo de MS das rodovias federais BR-262 e BR-267 (Foto: Saul Schramm/Governo de MS)

Paralelamente, a Seilog (Secretaria Estadual de Infraestrutura e Logística) marcou audiência pública, para a próxima sexta-feira (30), para debater o projeto de concessão do sistema rodoviário em questão. Além disso, há uma consulta pública aberta até 6 de setembro para o recebimento de sugestões e contribuições.

Os estudos de viabilidade contratados pelo EPE (Escritório de Parcerias Estratégicas) do governo do estado apontam que serão implantados, na Rota da Celulose, 115 km de duplicações, 457 km de acostamentos, 251 km de terceiras faixas, 12 km de via marginal e 82 dispositivos em nível.

A concessão também inclui a prestação de serviços aos usuários por meio de 49 veículos operacionais, entre eles ambulâncias, socorro mecânico, guinchos, combate a incêndios, desobstrução de pistas e inspeção para controle do tráfego, apreensão de animais silvestres e Postos de Atendimento ao Usuário.

Leia mais

  1. Delegação da BR-262 para governo de MS deve ter projeto neste semestre

Duplicação da BR-262

Conforme os estudos técnicos do projeto, a BR-262 terá pista dupla em sua totalidade entre Campo Grande (intersecção com a BR-163) e Ribas do Rio Pardo (acesso à Suzano Celulose).

Mapa mostra trecho da BR-262 que será duplicado entre Campo Grande e Ribas do Rio Pardo (Foto: EPE)
Mapa mostra trecho da BR-262 que será duplicado entre Campo Grande e Ribas do Rio Pardo (Foto: EPE)

Dos 101,73 quilômetros, a maior parte terá duplicação com canteiro central. Só os 22 quilômetros dentro da capital sul-mato-grossense (antes do cruzamento com a linha férrea) terão duplicação com barreiras de concreto New Jersey.

Ribas do Rio Pardo terá 12,165 quilômetros de contorno rodoviário duplicado, para desviar o trânsito de veículos pesados de dentro da área urbana.

Mapa mostra futuro contorno rodoviário de Ribas do Rio Pardo na BR-262 (Foto: EPE)
Mapa mostra futuro contorno rodoviário de Ribas do Rio Pardo na BR-262 (Foto: EPE)

Os outros 69% da BR-262 – 226,47 quilômetros entre Ribas do Rio Pardo e Três Lagoas – receberão 57,57 km de terceira faixa e 21,98 km de acostamentos.

Duplicação da BR-267

Com total de 248,1 quilômetros, o trecho da BR-267 entre a divisa SP-MS e Nova Alvorada do Sul terá apenas 13,5 km de duplicação, em Bataguassu.

Há previsão de implantação de 73,58 km de terceira faixa no restante da rodovia que continuará com pista simples.

MS-040, MS-338 e MS-395

As outras três rodovias que integram a Rota da Celulose – ligação diagonal de 294,1 quilômetros entre Campo Grande e Bataguassu passando por Santa Rita do Pardo – não terão duplicação.

MS-040, km 37 (Foto: Edemir Rodrigues/EPE)
MS-040, km 37 (Foto: Edemir Rodrigues/EPE)

Porém, receberão outros investimentos:

Acostamentos

  • 327 km na MS-040;
  • 103,62 km na MS-338;
  • 2,68 km na MS-395.

Terceira faixa

  • 103,78 km na MS-040;
  • 14,13 km na MS-338;
  • 800 m na MS-395.

Edificações e dispositivos

  • 4 postos do Serviço de Atendimento ao Usuário;
  • 2 postos da Polícia Militar Rodoviária;
  • 1 Posto de Parada e Descanso.
  • Viaduto no entroncamento com a BR-163, em Campo Grande.

Pedágio

Para a concessão da Rota da Celulose, deverão ser instalados 14 pórticos de pedágio eletrônico (sistema free flow) em vez de praças físicas de pedágio.

Mapa mostra pontos dos pórticos de pedágio na Rota da Celulose - BR-262, BR-267, MS-040 e MS-338 (Foto: EPE)
Mapa mostra pontos dos pórticos de pedágio na Rota da Celulose – BR-262, BR-267, MS-040 e MS-338 (Foto: EPE)

A cobrança na BR-262, na BR-267, na MS-040 e na MS-338 está prevista para começar em 2026, com tarifas que variam de R$ 4,70 a R$ 15,20 no primeiro ano para automóveis (há multiplicador de tarifa conforme classe do veículo). Veja a tabela básica abaixo:

Tabela da tarifa de pedágio na Rota da Celulose - BR-262, BR-267, MS-040 e MS-338 (Foto: EPE)
Tabela da tarifa de pedágio na Rota da Celulose – BR-262, BR-267, MS-040 e MS-338 (Foto: EPE)

No sistema de pedágio eletrônico, a tarifa poderá ser paga de duas formas:

  • Leitura de etiqueta eletrônica (Tag): o usuário-consumidor poderá adquirir a etiqueta eletrônica para pagamento da tarifa de pedágio com possibilidade de desconto gradual de acordo com a frequência do uso;
  • Leitura da placa do veículo: após passar pelo pórtico, o usuário-consumidor deverá procurar a concessionária, em até 15 dias, pelos canais de atendimento, para efetuar o pagamento da tarifa de pedágio de modo a não configurar evasão de pedágio.

Comentários (14)

  • Alzerino rosa neto

    Primeiramente se faz a duplicação e depois cobra os pedágios senão fica igual a br163 que tem contrato vencido de duplicação a mais de 4 anos e cobrando pedagio

  • Donavan

    Eu acho uma sacanagén cobra pedágio sem tá toda duplicada não concordo com isso são Paulo e toda duplicada eu acho que deveria falar com as empresas e elas duplicada as br com parcerias com o cavernosa e não cobrar pedágio se cobrar que seja 3 reais en toda as pressas de pedágio que já tá ganhando muito

  • Jair Antunes

    No Brasil além das praças de pedágios terem preços exorbitantes deveriam as(AUTORIDADES)obrigá-las colocarem cercas de proteção nas laterais das pistas para que os animais silvestres tivessem um pouco mais de respiro na vida. Essa coisa de túneis teriam de serem conjugadas com as cercas .

  • Silvio carlos corimbaba

    Eu viajo nessas 3 rotas desde 1987…esse projeto irá auxiliar muito aos cidadãos e salvar vidas. Além disso muitos animais podem ser salvos. Porém é preciso seriedade e decência na execução e fiscalização de todo o projeto, desde que os políticos e gestores entendam que eles estão tendo uma delegação de poder dada pela sociedade para isso…nada deve ser feito pelo interesse pessoal…mas sim coletivo. E que mantenham seus olhos no que é justo e correto.

  • Julio

    Lamentável a situação, mais uma vez se mostra a preocupação com a proximidade da capital. Quem roda a BR 262 sabe da necessidade da sua duplicação toda, lembrando que Três Lagoas está na divisa com o estado de São Paulo e ligada direto a capital paulista pela pista dupla Marechal Rondon. Devemos ainda lembrar que é cada vez maior o tráfego de caminhões de mineração entre Corumbá e Três Lagoas, ainda nem falei do tráfego de eucaliptos. Estão de brincadeira com Três Lagoas. Terceira cidade do estado, onde os representantes do governo do estado veem a público dizer que a 262 não tem movimentação necessária para a duplicação total. Peçam as autoridades para fazer as viagens de carro pela rodovia e tirem suas conclusões.