Como Eunice Paiva, do filme Ainda Estou Aqui, ajudou indígenas de MT
Eunice Paiva foi pioneira ao usar argumentos jurídicos para fortalecer a luta indígena, influenciando a demarcação de várias terras, inclusive do povo zoró, que fica no noroeste de Mato Grosso.
A luta da advogada Eunice Paiva, viúva do deputado Rubens Paiva, desaparecido político, não se resumiu à batalha pelo reconhecimento da morte do marido.
A protagonista do filme Ainda Estou Aqui se tornou um ícone na luta contra a ditadura militar e defensora dos direitos humanos, inclusive dos povos indígenas de Mato Grosso.
Nos anos 1980, o povo Zoró, que vive no município de Rondolândia, a 1.600 km de Cuiabá, no noroeste de Mato Grosso, enfrentou uma crise devastadora devido à chegada de fazendeiros, madeireiros e garimpeiros, que introduziram doenças fatais.
Sem imunidade contra enfermidades como gripe, sarampo e tuberculose, a população quase foi dizimada. Em busca de sobrevivência, os zoró buscaram apoio para a demarcação de seu território.
Foi nesse contexto que Eunice Paiva teve um papel decisivo. Em 1986, a advogada elaborou um parecer jurídico afirmando que “nada impede a demarcação da Área Indígena Zoró”, reforçando que os direitos territoriais indígenas não são negociáveis.
Apesar da relevância do trabalho com os indígenas, essa faceta de sua atuação ainda recebe pouco reconhecimento.
Em entrevista à BBC, a antropóloga Betty Mindlin destaca que Eunice foi pioneira ao usar argumentos jurídicos para fortalecer a luta indígena, influenciando a demarcação de várias terras.
Para a antropóloga, o engajamento da Eunice em favor dos indígenas “renderia outro filme inteiro”.
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Ainda Estou Aqui
O filme é inspirado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva e narra a história de Eunice Paiva, interpretada por Fernanda Torres, mãe de Marcelo, que dedicou 40 anos buscando a verdade sobre o desaparecimento de seu marido, Rubens (Selton Mello).
Fernanda Montenegro também integra o elenco, interpretando a versão idosa de Eunice.
Em janeiro, Fernanda Torres venceu o Globo de Ouro de Melhor Atriz em filme de drama. O longa concorre a três categorias no Oscar: Melhor Filme, Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Atriz (Fernanda Torres).
A cerimônia de premiação acontecerá no dia 2 de março e será transmitida pela TV Globo.
