Descubra quem é a cuiabana que inspirou nome da escola de "Terra e Paixão"

Entre plantações de milho e soja, a nova novela das 21h, Terra e Paixão, explora o Brasil rural, na cidade fictícia de Nova Primavera, em Mato Grosso do Sul. Lá o nome da escola local também é fictício, Escola Municipal Professora Nieta Romilda, mas o que você não sabe, é o que a inspiração para o nome veio de duas personalidades, uma delas de Cuiabá, Antonieta.

Além de pedagoga e geógrafa, Antonieta Luisa Costa, de 55 anos, é fundadora do Centro Cultural Casa das Pretas e do Imune (Instituto de Mulheres Negras de Mato Grosso). Transbordando carisma, ela contou como a história dela se cruzou com a da novela, há cerca de 5 meses em um bate-papo com os diretores.

“Para mim foi uma surpresa eles me encontrarem! A equipe da Rede Globo me chamou pra fazer esse trabalho, disseram que buscavam uma referência de mulher negra e que eu tenho todos os perfis para poder contribuir no processo de construção da personagem da Bárbara Reis, que é Aline da novela, e dialogar sobre as questões das mulheres negras, das lutas, e do nosso trabalho da comunidade negra numa sociedade que a gente sabe que é racista”, explica.

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Nieta e Romilda, ativista de Mato Grosso do Sul, realizaram um workshop online com todo o elenco de “Terra e Paixão”. A cuiabana conta que ainda não havia muitas informações como o nome da novela ou detalhes sobre a trama, mas destaca que se encantou pelo interesse da equipe.

“Para além da ficção, o que eles buscavam era uma proximidade maior com a realidade. Com esse workshop pude perceber a seriedade e o quanto todos estavam envolvidos em entender, e a cada fala que eu colocava do nosso estado, da nossa comida, da música, o que me comovia era o interesse”, afirma.

Segundo a diretora de arte da novela, Didi Maakaroun, após a oficina, a equipe e o elenco de “Terra de Paixão” decidiram homenagear as professoras mato-grossense e sul-mato-grossense.

“Normalmente o nome das escolas sempre vêm de pessoas famosas, poetas, escritores, músicos, artistas plásticos, mas quando nós vimos a oficina que elas deram sobre a questão negra no Brasil e as mulheres protagonizando essa batalha diária de ser reconhecida como mulher, como pessoa preta, nós tivemos certeza que era isso que a gente queria fazer, homenageá-las”, conta Didi.

Ainda de acordo com a diretora de arte a iniciativa simples e delicada, tem o intuito de mostrar para o Brasil e o mundo que existem pessoas como Nieta e Romilda.

“Para mostrar que existem pessoas assim como elas que protagonizam uma questão tão importante que é a questão do racismo, da valorização da mulher na sociedade brasileira e, principalmente, mundo. Hoje em dia temos visto bastante coisas ruins que tem acontecido aí, no futebol [por exemplo]“, pontua.

O ativismo de Nieta existe a mais de 30 anos e persiste na Casa das Pretas, um espaço de acolhimento localizado na Praça da Mandioca, no Centro Histórico de Cuiabá. O local mantém atividades permanentes, além de oficinas diversas, voltadas para o fortalecimento da cultura negra. 

A atriz Barbara Reis, que interpreta a personagem Aline em “Terra e Paixão”, e o diretor artístico, Luiz Henrique Rios, compartilharam seus agradecimentos à professora. (Veja vídeos)

“O sentimento é de gratidão à Deus; à tudo que é construído pelas mulheres desse país que são potência e à generosidade. Eles lembrarem de homenagear Nieta e Romilda, que é minha companheira que fez esse trabalho em Mato Grosso do Sul, isso é importante então cada vez q eu olhar eu vou dizer ‘sim, nós estamos no caminho certo, é isso que eu vim fazer, é isso que as mulheres pretas fazem’. Aquela frase ‘mulheres negras movem o mundo’, não é atoa.