Face off: confronte o medo num reality de monstros da maquiagem

Alex Mendes fala sobre o reality show Face Off, do canal Syfy, que tem 13 temporadas

Todo mundo tem um reality pra chamar de seu. No meu caso, claro, ele é repleto de criaturas arrepiantes. Face off, que significa confrontar em inglês, usa o nome também como um trocadilho para a temática do programa. Durante 13 temporadas, modelos foram despidos de suas formas naturais e transformados em monstros das mais diversas categorias por profissionais da maquiagem cinematográfica.

face off

Os trabalhos são incríveis e mostram muito de como um ícone do horror acaba criado com espuma, massa e tinta. A cada temporada, um grupo de técnicos competem para chegar ao prêmio em dinheiro: 100.000 dólares, o equivalente hoje a R$ 500 mil. Além de um ano de fornecimento de materiais de uma das maiores empresas de maquiagem do mundo e um estágio num estúdio da área.

Atrativos que levam os melhores da área – e que ainda não conseguiram se estabelecer no mercado – a mostrar o talento em aterrorizar as pessoas. A atriz McKenzie Westmore é a apresentadora.

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O pai dela, o maquiador vencedor do Oscar por Mask – Marcas do Destino, Michael Westmore, é consultor do programa e ajuda os candidatos com dicas durante a execução dos trabalhos. Cada um deles tem dois desafios por programa. Eles recebem um tema para desenvolver uma maquiagem de corpo inteiro e conquistar os jurados.

E um trio de peso forma o júri. Ve Neill concorreu oito vezes ao Oscar de melhor maquiagem. Venceu em três delas, por Beetlejuice – um dos meus filmes prediletos –, Uma Babá Quase Perfeita – quem não se lembra do saudoso Robin Williams como uma simpática cuidadora de crianças? – e por Ed Wood, filme de Tim Burton que conta a história do pior cineasta de todos os tempos. Glenn Hetrick é dono do Alchemy FX Studios, responsável pelos efeitos especiais de filmes como Jornada nas Estrelas e Jogos Vorazes. Neville Page completa o grupo. Ele simplesmente criou as criaturas de Avatar.

Estes três são os mais assíduos. Outros jurados também fizeram parte. E igualmente talentosos. Patrick Tatopoulos fez só Drácula, de Bram Stocker. E Lois Burvell é assíduo colaborador de Steven Spielberg e ajudou Mel Gibson na maquiagem de Coração Valente.

Os episódios mostram a concepção da criatura com um desenho feito pelo candidato e avançam até a busca pelos materiais necessários para concluir o trabalho no tempo estabelecido. É sensacional ver como eles transformam pedaços de qualquer coisa em máscaras realistas – elas precisam permitir que o modelo abra a boca, mexa os olhos, por exemplo.
Tudo necessita de molde. E de tempo pra secar.

De vez em quando, o relógio é o vilão e a fantasia não fica do jeito que foi idealizada. As eliminações são duras. Os juízes levantam-se das cadeiras e vão até as criações para ver, de perto, os detalhes. Glenn Hetrick é o mais duro deles.

Não deve ser nada fácil ter um dos melhores profissionais do mundo apontando seus erros sem rodeios frente a uma audiência mundial. E que audiência. Face off atraiu 1,4 milhão de pessoas por episódio na primeira temporada. E sofreu um acréscimo de mais 1 milhão de fãs na segunda.

Em 2018, no entanto, o programa foi encerrado. Houve uma comoção e até um abaixo-assinado foi enviado aos estúdios da produtora pra renovação. Cinco anos depois, isso ainda não aconteceu. A torcida, então, é para que algum serviço de streaming compre os direitos e coloque todos os episódios das 13 temporadas no catálogo.

Assim, será possível acompanhar a evolução do reality e dos participantes – muitos acabam voltando para desafios dos campeões ou algo assim. Por enquanto, é possível assistir diariamente no canal de TV fechada SyFy. O programa exibe 2 episódios diariamente em sessões às 19h e às 19h50.

Se não viu ainda, vale muito a pena uma espiada. Apesar da edição meio chatinha, que tenta fazer suspense repetindo fala dos jurados nos momentos de eliminação ou de anunciar o vencedor, o visual é de cair o queixo.

E pra quem tem medo, é uma grande oportunidade pra ver que Freddy Krueger, Jason Vorhess, Valak e outros monstros do cinema não passam de uma boa mistura de massa e tinta criada por mentes criativas e manipulada por mãos habilidosas.

Este conteúdo reflete, apenas, a opinião do colunista Toda Sexta é 13, e não configura o pensamento editorial do Primeira Página.