O modus operandi dos Serial Killers: é melhor ouvir

Podcast traz detalhes de um tema que costuma atrair a atenção do público: serial killers

Basta acessar os principais serviços do streaming disponíveis para encontrarmos uma infinidade de documentários, séries e filmes baseados na vida de serial killers. O mais recente, Dahmer foi um grande sucesso ao trazer Evan Peters na pele do canibal responsável pela morte de 17 homens e adolescentes entre 1978 e 1991 nos Estados Unidos.

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Ted Bundy

A série foca nos crimes, claro, e traz uma ambientação perfeita do apartamento onde o maluco matava, picava e devorava suas vítimas. Night Stalker: Tortura e Terror é outro documentário interessantíssimo. Ele traz imagens de reportagens da época em que Richard Ramirez aterrorizou Los Angeles. A partir dele, as pessoas passaram a instalar grades em janelas e a tranca portas. Num dos mais inacreditáveis crimes que cometeu, abriu a janela do quarto de uma menina de 6 anos e a estuprou várias vezes durante a noite. Em outra, abusou de um menino na frente da mãe. Poucos sobreviveram para relatar tamanha maldade.

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A HBO tem no catálogo a que considero melhor de todas: True Detective. Matthew McConaughey interpreta um policial atormentado que, em companhia do sempre ótimo Woody Harrelson, vai à caça de um serial killer no estado americano da Loisuania. Outras duas temporadas com atores diferentes e crimes diferentes foram produzidas, mas não com o mesmo brilho.

O que leva esses seres humanos a cometer tamanha atrocidade chamou a atenção do FBI. A série Mindhunter, com duas temporadas na Netflix, mostram dois agentes que ganham a missão de entrevistar os maiores matadores em série da história com o objetivo de traçar os perfis e encontrar modos semelhantes de ação. Dessa forma, ajudar na elucidação de crimes.

Duas amigas brasileiras também resolveram falar, entre outros assuntos, sobre serial killers e crimes reais. Em janeiro de 2020, Carol Moreira, jornalista formada em cinema, e Mabê Bonafé, publicitária, criaram o Modus Operandi, um podcast com episódios inéditos lançados todas as quintas-feiras. É possível acompanhar o papo entre elas e convidados nos principais tocadores de conteúdo musical, como o Spotify.

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Carol Moreira e Mabê Bonafé criaram podcast de crimes reais (Foto: Divulgação)

Elas deixam claro, logo no primeiro episódio, que não é nenhum desejo mórbido saber sobre esses monstros da vida real, muito menos fazê-los fonte de admiração ou culto. Pelo contrário, querem divulgar as histórias para mostrar que, apesar de tão presentes no entretenimento, esses homens existiram, conviveram em sociedade e foram capazes de fazer algo que qualquer pessoa normal jamais imaginaria fazer com alguém vivo, ou seja, que sinta dor, medo, desespero.

O segundo episódio é justamente sobre o, talvez, mais famoso serial killer de todos os tempos: Ted Bundy. Tem filme dele na Netflix também, com Zac Efron vivendo o dito cujo. O podcast não recomenda a película, não. E elas explicam o porquê. Foi muito romantizado. Não mostrou o real poder de destruição do assassino. Efron é galã. E Bundy também era, o que leva, incrivelmente a questionamentos da sociedade tipo “como um cara boa pinta como ele poderia ser responsável por tantos assassinatos”? Como se isso fosse algo inerente apenas a pessoas consideradas fora dos equivocados padrões de beleza da humanidade.

Bundy era bonito, charmoso, eloquente, fez a sua própria defesa no julgamento. E completamente violento. Oficialmente, matou 30 mulheres. Mas extraoficialmente a conta pode passar de 100. Ele agia em vários estados, dificultando a sua identificação. Tinha namorada, frequentava faculdade. Poderia ser exatamente o cara que você acha mais legal no seu ciclo de convivência. Entendeu o porquê da necessidade de se falar sobre esses psicopatas?

Bundy fingia estar com o braço quebrado e carregava livros para se mostrar culto e inofensivo atrás de uma mocinha solidária que concordasse em ajuda-lo até o carro – sempre roubado.
Um modus operandi infalível. Só foi pego porque a namorada, desconfiada de que ele fosse o assassino, acabou ajudando a polícia.

O terceiro episódio discute as motivações de Andrew Cunanan, um jovem norte-americano que desde cedo foi criado pelo pai para mentir sobre suas limitações. Cresceu sempre querendo mais e mais da vida. Homossexual assumido, passou a viver financeiramente de relações com homens mais velhos, os conhecidos sugar daddies. Quatro vítimas foram atribuídas a ele antes do homicídio que o deixaria eternizado: o de Gianni Versace.

O dono de uma das marcas mais poderosas da moda morreu com dois tiros na parte de trás da cabeça. O autor se mataria dias depois. Até hoje, a família de Versace nega que ele tenha tido algum envolvimento amoroso com Cunanan. Mas há relatos que eles se conheceram anos antes em São Francisco. O que também chama a atenção é que o serial killer matou todas as suas vítimas em pouco espaço de tempo: entre 27 de abril e 15 de julho de 1997.

No episódio 160, Mabê e Carol falam sobre a vida de Pedrinho Matador: o maior serial killer brasileiro. No 150, relembram o bárbaro duplo assassinato dos namorados Liana Friedenbach e Felipe Caffé, mortos pelo cruel Champinha. Josef Fritzl, o Monstro de Amstetten, que sequestrou e manteve, durante anos, a própria filha como escrava sexual está no 143. Jim Jones, o massacre da candelária, o incêndio na boate Kiss, o assassinato de John Lennon, a casa mal-assombrada de Amityville e até o assassinato de Eliza Samudio pelo goleiro Bruno fazem parte do acervo.

Ao todo, o número de episódios já passa de 200. A duração é variada. Uns mais curtos, de pouco mais de 20 minutos. E outros, com entrevistados, passam de duas horas. Tudo com um papo muito interessante. Diria, até viciante. Eu gosto de ouvi-lo na academia, durante os treinos. Não sou fã de musculação, mas problemas na coluna lombar e com a balança me obrigam a vencer o ócio diariamente.

E ouvir o Modus Operandi tem ajudado a tornar mais prazerosa a rotina repetitiva dos exercícios. Além disso, com as podcasters, aprendi mais um motivo pra não falhar na malhação: se o serial killer pode ser a pessoa do nosso lado, nada melhor que ter bons músculos pra se defender ou, na pior das hipóteses, pernas fortes para dar no pé.

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