Terra Noturna e O Enigma de Outro Mundo

A quarta temporada de True Detective busca inspiração num clássico de terror dos anos 80 e aposta em Jodie Foster pra resgatar prestígio da série

Um dos meus diretores de cinema favoritos é John Carpenter.

O homem que completou 76 anos no mês passado é considerado um dos maiores mestres do terror. E fez por merecer esse título ao realizar obras como Halloween (inclusive a trilha sonora do filme!), O Príncipe das Sombras, Vampiros, Christine – o Carro Assassino. Eles Vivem e o meu preferido: O Enigma de Outro Mundo.

true detective
Matthew McConaughey e Woody Harrelson em local de um dos crimes na temporada 1 de True Detective

Nesta sexta-feira, 2 de fevereiro, o lançamento do filme completa exatos 41 anos.

The Thing (A coisa, em tradução literal não usada pelos distribuidores brasileiros) é ambientado na Antártida. Doze homens, entre cientistas e operários, habitam uma estação de pesquisa norte-americana no continente gelado.

Numa certa noite de inverno, os homens presenciam um cão ser perseguido implacavelmente por um colega da base norueguesa. Armado, ele tenta, de qualquer forma, matar o animal. A situação se complica e entre mortes e explosões, os norte-americanos acabam ficando curiosos para saber o que levou a esse desespero. Partem para a estação do norueguês onde se deparam com mais mortes.
O mistério é sensacional. A atmosfera gélida é de congelar a espinha. E os efeitos especiais, apesar de quatro décadas, são atuais.

Um filmaço.

Tão bom que ajudou na construção da mais nova série da HBO.

Terra Noturna (Night Country) estreou como quarta temporada de True Detective. Cada uma das histórias mostra, de forma independente, o trabalho de policiais em investigações.

A primeira delas, de 2014, é de torcer as entranhas ao mostrar a caça de um serial killer envolvido com uma seita de pedófilos.

Matthew McConaughey e Woody Harrelson são os detetives.

São eles também os produtores dessa nova temporada estrelada por Jodie Foster, duas vezes vencedora do Oscar de melhor atriz.

Ela é Liz Danvers, a policial responsável pela ordem na cidade de Ennu, no Alaska, do lado oposto do globo terrestre em relação ao palco de O Enigma de Outro Mundo.

Mas apesar da distância geológica, os dois roteiros se convergem no mistério, desta vez dentro da Estação de Pesquisa Ártica Tsalal.

Os oito pesquisadores desaparecem de um dia pro outro.

O vazio é descoberto por um entregador de mantimentos que encontra o cenário típico de abandonado às pressas.

Comida pronta pra ser consumida na mesa e televisão ligada – aqui, numa clara referência à década de lançamento da obra de John Carpenter, ela exibe um ícone dos anos 80: a cena da música dos Beatles, Twisted and Shout, interpretada por Ferris Buller em Curtindo a Vida Adoidado.

O entregador também se depara com parte de uma língua humana embaixo da bancada da cozinha.
Tá achando estranho? Vai piorar.

Anos antes, um assassinato abalou a cidadezinha no fim do mundo. Uma nativa foi encontrada com várias marcas de golpe de faca e agressões. E adivinhem só? Faltava uma parte do corpo dela…

É neste ponto que conhecemos a segunda protagonista da série. A agente Evangeline Navarro –vivida pela ex-boxeadora norte-americana Kali Reis – era parceira de Danvers. E justamente a falta de solução no crime fez com que elas virassem inimigas.

O primeiro episódio é um emaranhado de subtramas que prendem o espectador. Onde isso vai acabar?
Quando você se supõe que tudo vai desembocar em um caso de maldade humana, aparece um homem cabeludo, sem casaco e descalço na neve.

Ele fica horas e horas à espera de uma moradora para que lhe mostre algo.

Já seria um absurdo o cara estar nessa situação no meio do gelo ártico e sobreviver. A não ser que ele já estivesse morto.

Sim! Tem sobrenatural nessa série também!

É um deleite.

Além de John Carpenter, Terra Noturna tem um quê de Arquivo X.

A verdade está lá fora?

Sei lá! Não faço a mínima ideia de onde isso vai parar. Até porque…. gente… até porque fotos do corpo da nativa morta têm alguns símbolos em espiral.

E esses símbolos aparecem na primeira temporada da série!!!

Meu Deus! Será que vai haver conexão?

Mas o que pode ter em comum numa seita de pedófilos no estado da Lousiana com o sumiço de pesquisadores no Alaska?!!

Até o momento em que esta coluna está sendo escrita, apenas três episódios foram disponibilizados.
Terra Noturna tem tudo para ser um dos marcos do terror. Vai depender de como a diretora mexicana Issa López vai costurar essas histórias.

Ela já disse em entrevista que além do filme de John Carpenter também colocou elementos de O Iluminado na construção do cenário. A série se passa em dezembro e começa no último dia de sol. O inverno por lá chega a menos 30 graus de temperatura e chega a ficar dois meses na escuridão da noite.
Torço para que Issa López consiga.

True Detective surgiu como um novo norte para as séries policiais. Foi tão boa na primeira temporada que, inevitavelmente, sofreu para tentar manter o nível nas demais. Não conseguiu nem passar perto.
O responsável pelas 3 primeiras temporadas, Nic Pizzolatto, deixou o projeto.

Em entrevistas recentes, ele vem criticando os rumos da quarta temporada. Inclusive a possível ligação com a primeira.

Se ele tem razão ou se tudo não passa de uma grande dor de cotovelo, os demais episódios da série vão mostrar.

O fato é que Jodie Foster, de tantos papéis marcantes na telona, como a agente do FBI, Clarice Starling, de O Silêncio dos Inocentes, dificilmente entra numa fria.

A não ser que seja no Alaska.

Para reconduzir True Detective ao patamar inicial ela não só aceitou estrear na televisão, como também, quis produzir a série ao lado de Harrelson e McConaughey.

Que voltar a alcançar esse sucesso não seja nenhum enigma de outro mundo para eles.

Ou melhor, que seja!

Este conteúdo reflete, apenas, a opinião do colunista Toda Sexta é 13, e não configura o pensamento editorial do Primeira Página.

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