Yellowjackets: siga essa tendência no inverno
Segunda temporada da série chega ao streaming para continuar a história das Jaquetas Amarelas, time de futebol feminino adolescente que sobrevive a queda de um avião na selva
Na primeira temporada de Yellowjackets, somos apresentados à história de um time de futebol feminino de um colégio norte-americano. As meninas conseguiram a façanha de ganhar as prévias estaduais e, com isso, o direito de disputar o campeonato nacional.
A viagem de avião até as finais, no entanto, não sai como planejado.
Uma forte turbulência derruba a aeronave no meio da selva.
E logo na queda, as primeiras perdas.
O único adulto vivo tem a perna amputada e a sobrevivência do grupo passa a depender, unicamente, do amadurecimento precoce dos adolescentes, em sua grande maioria, meninas. Só 2 são homens.
A união que levou o time à conquista histórica é destruída a cada dificuldade.
E as decisões refletem não só na floresta onde aguardam pelo socorro cada vez mais imprevisível. Mas também no futuro das que conseguirão ser resgatadas.
Num jogo de vai e volta entre presente e passado, os roteiristas enchem a tela de mistérios, suposições, surpresas, drama.
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Situações que fazem com que queiramos assistir a um novo episódio assim que o anterior termina.
Cristina Ricci, a Vandinha da versão cinematográfica de A Família Addams, nos anos 90, é só um dos motivos que fazem valer a pena acompanhar Yellowjackets.
Ela interpreta Misty, a versão crescida da adolescente chata e excluída da turma que acaba sendo extremamente útil no futuro por sua inteligência fora do comum. Maquiavélica, ela é capaz de solucionar os problemas que surgem com uma praticidade admirável. E não é enganoso dizer que a moça beira a psicopatia.
Que o diga a mulher que ela sequestra e mantém no porão de sua casa.
Taissa, outra personagem, carrega consigo um segredo sinistro muito bem escondido de seu eleitorado. Líder de decisões erradas na selva, se transformou numa política com a chance de se tornar a primeira senadora negra dos Estados Unidos. Uma campanha cheia de pressão que desperta nela os instintos primitivos que tanto precisou na época do acidente.
Um risco para a esposa, para o filho e até para o cachorro da família.

Shauna é a adolescente tímida que, por trás da máscara, não tem o mínimo pudor em trair a melhor amiga.
Mesmo que isso desemboque em tragédia, ela não se mostra abalada ao se transformar numa dona de casa reclusa. E muito perigosa.
Nat (Juliete Lewis, outro ícone dos anos 90) é a maluquinha da turma. Peça central na subtrama que envolve um romance com Travis, um dos irmãos sobreviventes. A busca que faz pela versão adulta do rapaz é um dos motores da trama.
Bem amarrada, por sinal.
É impossível não querer descobrir o que está acontecendo.
Assim como é prazeroso acompanhar as pequenas revelações sobre a vida dos sobreviventes, como fizeram para se alimentar, se abrigar, conviver em grupo e fugir dos animais selvagens do local.
Um ataque de lobos deixa marcas nas adolescentes e em que está assistindo.
Aos poucos, as convenções sociais e os valores morais vão desaparecendo.
O ser humano, antes de qualquer racionalidade, é instinto. É isso que lhe garante a sobrevivência nas necessidades.
Verdades escondidas, sentimentos reprimidos vão ganhando espaço conforme a fome aumenta, conforme o frio gela corações antes aquecidos pela proteção das famílias, pela escala de popularidade do colégio.
O time unido se separa.
A líder do campo é confrontada.
O treinador, desrespeitado.
A lei da selva impera.
Os mais fortes sobreviverão.
E não só fisicamente.

Lottie, que tomava medicamentos controlados para poder conviver em sociedade, fica sem as drogas.
E passa a se tornar uma liderança religiosa capaz de ações sobrenaturais como prever fartura de comida no dia seguinte e dominar um urso gigante só com o olhar.
O avanço dos episódios mostra que algo terrível aconteceu com o grupo. Algo muito mais horrível que o acidente em si.
Por todos esses elementos, Yellowjackets é, sem dúvida, uma dessas obras que conseguem agradar a vários públicos distintos.
A floresta garante os sustos.
As subtramas envolvendo cada um dos personagens, o suspense.
Como isso afetou a personalidade dos envolvidos nos faz pensar no quanto um episódio desses é dramático, traumático.
O quanto é capaz de extirpar a humanidade de uma pessoa.
É possível julgar as adolescentes?
É possível perdoá-las pelo que fizeram?
E pelo que ainda vão fazer em decorrência das mudanças de suas personalidades?
Para que ninguém precise responder a essas questões, as sobreviventes fazem um pacto entre si.
Apesar das propostas financeiras tentadores, na casa dos milhões de dólares, nenhuma delas se animou a contar o que vivenciaram.
Sorte a nossa que estamos do outro lado da tela.
Que a segunda temporada, que acaba de chegar na Netflix, traga ainda mais elementos reveladores.
Eu já vesti essa jaqueta amarela.
Acho que ela cabe certinho em você também.